Supermercadistas de menor porte crescem acima de gigantes do setor

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Redes pequenas e médias do setor supermercadista tiveram alta das vendas no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, mesmo com a aceleração da concorrência dos grandes grupos que dominam o setor. As redes do segmento com lojas de cinco a nove caixas (check-outs) comemoram alta de 11,7% das vendas no período. Enquanto isso, as grandes do setor continuam com planos de expansão principalmente no norte e nordeste. O cenário mostra que as menores empresas do ramo ganham fôlego e querem crescer, como é o caso da Supermercados Avenida, com 20 lojas no interior do Estado de SP e do Paraná, que prevê faturar este ano 15% a mais que o valor obtido ano passado, de R$ 330 milhões.

 

Tradicional da cidade de Assis (SP), a rede da família Binatto teve um aumento de tíquete médio de 12%, em 2009, para 15% nestes cinco primeiros meses do ano. Segundo o diretor comercial da rede, João Antônio Binatto Jr, esse resultado foi dirigido a um investimento estimado em R$ 15 milhões e foi empregado tanto na abertura da 21ª loja na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), que prevê um posto de combustível, o 3º da rede em formato fora das lojas, assim como em projetos de remodelação, reforma e padronização de operação.

 

Outra rede que teve um volume de vendas acima da média, mas desta vez no mercado carioca, de 10,4% no Estado do Rio de Janeiro, foi a Prezunic - 6ª maior rede de supermercados no ranking de 2010 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) -, chegando a 15% de alta.

 

Com um faturamento estimado em R$ 2,101 bilhões em 2009, de acordo com o diretor comercial da empresa, Genival Beserra, a companhia continua com planos de crescer regionalmente no mercado brasileiro. Um destino de investimento da rede, segundo Beserra, é dobrar o número de itens de marca própria, que atualmente são três: arroz, feijão e café. Otimista com o plano de expansão, a rede Prezunic, que tem 30 lojas, contempla abrir mais 10 lojas até 2015, duas das quais com previsão de inauguração ainda este ano, ambas na capital do Rio de Janeiro: uma na Barra da Tijuca e a uma em Niterói.

 

Ao mesmo tempo, a meta é cautelosa nas vendas. Tanto que para 2010 a empresa está de "pés no chão" e estima um crescimento de 15%, 3%, menos do que cresceu no ano passado (18%), quando, apesar da crise econômica mundial, o setor supermercadista mantinha altos índices de vendas e crescimento, o que impulsionou a economia interna.

 

Expansão

 

No caso das grandes, a disputa regional segue aquecida no nordeste, e com investimento na ordem de R$ 30 milhões a rede norte-americana Walmart acaba de inaugurar a quinta unidade da bandeira Maxxi Atacado, braço da rede nesse formato, instalada em Vitória da Conquista (BA).

 

Segundo José Roberto Dalphorno, vice-presidente do Maxxi Atacado, a nova loja, em comparação ao varejo tradicional, tem preços até 15% mais baixos. Essas vantagens são computadas com base em pesquisa diária de preço de mais de mil produtos, realizada pela própria rede. Na tendência dos investimentos no setor farmacêutico, a loja conterá a Drogaria Maxxi, que soma mais de 2,5 mil itens, incluindo medicamentos genéricos comercializados a R$ 9,90 em programa permanente do Walmart Brasil.

 

Mercado

 

De acordo com o Índice Nacional de Volume, pesquisado pela Nielsen e divulgado ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o autosserviço brasileiro apresentou, no primeiro quadrimestre de 2010, crescimento de 7,1% nas vendas em volume, em comparação ao mesmo período de 2009, quando a variação ficou em 0,9% entre 2009 e 2008. O bom desempenho foi puxado pelas cestas de bebidas alcoólicas, a 15,7%, e de bebidas não alcoólicas, a 12,2%.

 

O maior crescimento aconteceu na região de Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio, com 10,4%, seguida pelo sul, 9,7%; nordeste, 8,8%; Grande São Paulo, 8,4%, e interior e litoral de São Paulo, 4,6%. Um dos nichos interessantes para o mercado é a participação dos postos de combustível fora das lojas.

 

Fontes próximas às negociações entre a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar (GPA)) e a rede Casas Bahia dão conta de que caminha a passos largos a análise do acordo entre as empresas, que renderá a fusão das duas maiores redes do varejo interno.

 

Em maio passado, durante a teleconferência de resultados do grupo Pão de Açúcar, o presidente do conselho administrativo da companhia, Abílio Diniz, já dava indícios de que estava confiante em um acordo final com a gigante do varejo de móveis e eletroeletrônicos da família Diniz.

 

Na ocasião, o empresário afirmava que a renegociação mantinha pontos importantes na evolução dos contratos. "Acredito que já chegamos a um acordo, estamos detalhando os contratos", chegou a dizer, na teleconferência.

 

Procurada ontem para falar sobre o assunto, a empresa não fez declarações, mas o clima parece ser de tranquilidade entre os envolvidos, que seguem debruçados em reuniões sobre detalhes mais técnicos das operações das empresas e do futuro desta megafusão.

 


Veículo: DCI


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