A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) acaba de dar a partida em seu primeiro plano expressivo de investimentos após anos de restrições orçamentárias derivadas de déficits operacionais.
A estatal federal ainda não voltou ao azul - fechou 2009 com prejuízo de líquido de R$ 9,2 milhões, ante perda de R$ 6,1 milhões em 2008 -, mas informa que, a partir de esforços para equilibrar as contas, recebeu de Brasília uma injeção de capital de R$ 11,3 milhões. Os recursos serão investidos sobretudo na revitalização do entreposto da capital paulista, responsável por quase 70% do volume de produtos comercializado em sua rede.
"O nível de investimentos que a companhia vinha realizando era incompatível com sua arrecadação, daí o aumento de capital", afirma Mário Maurici de Lima Morais, que assumiu a presidência da estatal em dezembro. O aumento de capital foi publicado no Diário Oficial da União no dia 18.
A receita operacional bruta da Ceagesp alcançou R$ 69,9 milhões no ano passado, 3,3% mais que em 2008. De janeiro a maio de 2010, houve incremento de 8% na comparação com igual intervalo de 2009, segundo informações fornecidas pela empresa.
O balanço da estatal também mostra que o volume de produtos comercializados em seus 13 entrepostos atingiu 3,94 milhões de toneladas no ano passado, um aumento de 2,4%, enquanto a receita equivalente dessa movimentação chegou a R$ 5,3 bilhões, salto de 12%. Este valor inclui o faturamento dos permissionários espalhados pelos vários entrepostos.
A relação da estatal com os permissionários está em uma nova fase. Na capital, uma longa negociação resultou em um aumento de 12% de taxas cobradas pela companhia para alimentar um fundo específico também para investimentos no entreposto paulistano.
Em seu primeiro mês, o fundo foi alimentado com R$ 600 mil, já direcionados para serviços de pavimentação e ampliação da rede elétrica de alta tensão já tendo em vista o incremento do consumo de energia no próximo verão.
Maurici viajou ontem para Presidente Prudente e Araçatuba para debater com permissonários locais ações capazes de viabilizar melhorias nos respectivos municípios. Não há uma fórmula mágica para isso, realçou o presidente, porque as realidades e demandas de cada entreposto são distintas.
Apesar das chuvas que castigaram São Paulo entre o fim de 2009 e os primeiros meses deste ano, Maurici diz que investimentos emergenciais para recuperar eventuais danos não serão necessários. "As maiores perdas que tivemos com as chuvas foram no volume de comercialização e na imagem".
Além de irrigar a revitalização do entreposto da capital, o aumento de capital recentemente autorizado pelo presidente Lula também servirá para a atualização das certificações da rede de armazéns da estatal federal.
Um terço do valor aportado deverá ser alocado nessa rede, formada por 19 unidades e que em 2009 recebeu 804,9 mil toneladas de produtos agrícolas e industriais, 26,1% menos que em 2008 - em grande medida por causa da queda da armazenagem de açúcar, cujas exportações foram aceleradas.
Os projetos iniciados não significam mudanças imediatas em duas questões vivas já há algum tempo: privatização e mudança física do entreposto da capital, localizado em um ponto nevrálgico e cobiçado da cidade e alvo recorrente da especulação imobiliária.
Para Maurici, a esta altura do campeonato são duas decisões que deverão ficar para o próximo governo. "Não é o momento para falar em privatização, e sobre a mudança física do entreposto é preciso um debate mais aprofundado".
Veículo: Valor Econômico