O banco BTG Pactual, presidido por André Esteves, está em negociação para comprar oito lojas da rede Farmácia dos Pobres, de Pernambuco. O negócio, considerado pequeno para os padrões de aquisição do grupo que controla a Farmais, faz parte da estratégia de criar uma rede nacional, adquirindo pequenas e médias farmácias por todo país.
Procurado, o banco não comentou a operação. A Farmácia dos Pobres, com 42 lojas em Pernambuco e quatro na Paraíba, segundo informações obtidas no site da empresa, tem passado por dificuldades financeiras. Considerada uma das mais tradicionais de Pernambuco, fundada em 1876, sua marca ainda é muito forte. Nenhum porta-voz da rede pernambucana foi encontrado para comentar a informação.
Os passos dados pelo BTG fazem parte de um forte movimento de consolidação que voltou a se intensificar no varejo farmacêutico. Nos últimos dias, a Drogaria São Paulo oficializou a compra da rede Drogão.
O avanço das redes nacionais tem atraído a atenção do capital estrangeiro e fundos. A inglesa Alliance Boots, uma das maiores da Europa, desistiu no início de 2009 de comprar a distribuidora de remédios Athos Farma, que está em recuperação judicial. A Boots voltou a sondar o mercado nacional para futuras aquisições.
Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácia e Drogarias), não acredita em processo de "estrangeirização" das redes nacionais. Segundo ele, as regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) limitam a atuação do capital estrangeiro no país.
Nas grandes varejistas internacionais, compara Mena Barreto, a comercialização de vários itens, que não incluem apenas medicamentos, é mais livre e permite maior margem às redes. "A tendência global é de grandes distribuidoras de medicamentos atuarem na rede de varejo. O mesmo deve acontecer aqui no Brasil", disse. No caso da Boots, seus executivos estiveram recentemente no país e voltaram a sondar o mercado, afirmou o executivo. Não foi localizado porta-voz da Boots para comentar a informação.
O mercado de varejo do Brasil movimenta cerca de 2 bilhões de unidades. "O movimento de consolidação deverá se intensificar", disse. O país conta com cerca de 72 mil farmácias, das quais cerca de 10 mil são de manipulação, com receita em 2009 de cerca de R$ 30,23 bilhões, segundo a Abrafarma, com dados da IMS Health. O faturamento das redes foi de R$ 14,4 bilhões. Cerca de 11.200 lojas concentram 75% das vendas do mercado. "As aquisições de redes [como a da Drogão] significa que as companhias querem crescer rapidamente em 'market share'. Mas há empresas dispostas a promover crescimento orgânico."
Veículo: Valor Econômico