Pesquisa da Shopping Brasil revela que a redução nos preços entre a fase que o Brasil estava no torneio e hoje é, em média, menor que o anunciado
O consumidor que deixou para comprar um televisor novo depois que a seleção foi desclassificado da Copa do Mundo saiu ganhando. O preço dos aparelhos, incluindo televisores de tubo, de plasma e LCD (cristal líquido na sigla em inglês), caiu em média 7,8% entre os dias 3 e 6 deste mês depois que o Brasil deixou a Copa, em relação ao período de 26 a 29 de junho, quando a seleção estava na disputa, aponta pesquisa da Shopping Brasil.
A empresa, especializada em levantamento de preços, pesquisou a pedido do Estado, a evolução das cotações dos televisores nos dois períodos. A base de dados foi 338 anúncios nacionais feitos em jornais no período que antecedeu a desclassificação da seleção brasileira e 298 no período após a desclassificação.
A pesquisa mostra que o corte nos preços promovido pelas liquidações dos últimos dias é maior exatamente nos modelos mais caros e que, durante a Copa, tiveram menor procura. Os televisores maiores, com tamanho superior a 37 polegadas e tela de LCD, custavam em média R$ 2.801,79 no fim de junho. No início deste mês, eram ofertados por R$ 2.537,25 em média, com recuo de 9,4%.
Já o preço dos aparelhos menores, de 32 polegadas com tela de LCD, teve uma redução menor no período, de 2,4%. Enquanto isso, aparelhos de LCD, mas de LED, registraram uma alta média de 6,5% nos preços em igual período. O televisor de LED é o aparelho que tem tela mais fina que a tevê tradicional com monitor de LCD e possui maior qualidade de cor, graças a mais de uma centena de LEDs (diodo emissor de luz) nas bordas. O motivo da elevação dos preços das TVs de LED é o fato de essa ser a tecnologia mais avançada. Durante a Copa, vários modelos desse produto, especialmente os de tamanho menor, chegaram a faltar, segundo lojistas.
Apesar dos anúncios indicarem reduções de até 25% nos preços, na prática, a queda é muito menor que a anunciada.
Ofertas. A professora Liliana Rissio, de 50 anos, conseguiu um desconto em torno de 10% - não era muito expressivo, mas foi o suficiente para colocar o aparelho LCD de 22 polegadas dentro do que ela pretendia gastar. Saiu de casa com R$ 750 no bolso e levou a TV, ontem à tarde, por R$ 699.
Na semana passada, o mesmo aparelho custava R$ 90 a mais. "A gente tem de saber aproveitar as ofertas, por isso não comprei antes da Copa do Mundo", disse. "E, além disso, depois que passa a euforia conseguimos fazer uma compra mais tranquila e ter mais atenção do vendedor."
Ontem, às 16 horas, a TV de Liliana foi a segunda do dia a ser vendida numa das maiores lojas do Ponto Frio. Às vésperas da Copa, um só atendente chegou a vender 20 aparelhos num único dia. A professora já tem duas outras televisões em casa, uma de tubo e outra de LCD. Comprou a terceira para colocar no quarto das filhas gêmeas, de 18 anos. "Será uma surpresa."
Liliana estava deixando a loja com o aparelho nos braços, quando o técnico de transmissão, Adriano de Freitas, de 34 anos, chegou decidido a comprar uma TV de 32 polegadas. "O salário acabou de cair na conta e vim logo comprar a televisão."
Pagando à vista, conseguiu um desconto de R$ 200 e comprou um aparelho de 40 polegadas pelo mesmo preço da TV de 32 - R$ 2 mil. Adriano quer substituir as três TVs de tubo que tem em casa. A segunda, ele vai comprar no mês que vem quando receber o próximo salário.
Pé no freio
Desde segunda-feira, fabricantes de televisores da Zona Franca de Manaus (AM) reduziram o ritmo de produção para se adequar à nova realidade do mercado. As horas extras foram canceladas.
Veículo: O Estado de S.Paulo