Apesar do aumento do consumo, o preço negociado entre o varejo e a indústria não sofreu alteração.
A preocupação em relação à concorrência, tanto internacional quanto no mercado doméstico, evitou a elevação nos preços por parte dos fornecedores do comércio varejista no primeiro semestre, de acordo com lojistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO.
O cenário, que deverá ter continuidade até dezembro, ocorre em meio ao aquecimento significativo do consumo no país. Neste período, tradicionalmente há elevação nos preços em virtude do desequilíbrio causado entre a oferta e demanda.
Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre deste ano o consumo das famílias alcançou incremento da ordem de 9,3% em relação ao mesmo período de 2009. O resultado foi um dos principais fatores que colaboraram para o crescimento de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) no mesmo intervalo, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para evitar a concorrência com o mercado internacional o setor industrial não tem feito elevações significativas nos preços. De acordo com o diretor administrativo da Loja Elétrica, Wagner Mattos, o cenário é agravado em virtude da crise europeia, o que pode levar ao aumento das compras externas, pois o excedente pode ser direcionado ao mercado brasileiro.
Conforme ele, os materiais elétricos fabricados no Brasil possuem um teto. "Os preços não podem ultrapassar os valores dos importados", disse.
Segundo Mattos, a empresa não registrou elevação exponencial no primeiro semestre. Os aumentos verificados em 2010 ocorreram em virtude da elevação nos custos de produção das empresas.
Construção - Já os comerciantes de material de construção também não sentiram a pressão do aumento da demanda durante as negociações com o setor industrial. Segundo o proprietário da Continental Materiais de Construção, Eduardo Filizzola, os reajustes eram esperados em virtude da elevação do consumo, o que não ocorreu.
O empresário lembrou que em diversos segmentos a importação contribuiu para conter os preços. Entre os exemplos está o vergalhão, que em virtude da concorrência com o mercado internacional chegou a ter as tabelas reduzidas.
Calçado e vestuário - No setor calçadista também chegou a ter redução de preços por parte da indústria. Segundo o gerente de vendas da Praça Sete Calçados, no hipercentro da Capital, Manoel Reis, o cenário no segmento é provocado principalmente pela concorrência no mercado doméstico.
Ele explicou que as grandes empresas do setor mantiveram prazos maiores e descontos para os clientes. Para não perder mercado o restante do setor também adotou a estratégia.
O setor de vestuário também registrou estabilidade nos preços negociados com os fornecedores no primeiro semestre. De acordo com o gerente da loja O Grande Camiseiro, na região central de Belo Horizonte, Pedro Luiz Fernandes, todas os fornecedores estão atendendo aos pedidos e não utilizaram o artifício de aumento do consumo para elevar os preços.
A estabilidade nas negociações também foi verificada pelo proprietário da Centauro Esportes, Sebastião Bonfim. "Não há nenhuma pressão de preços por parte dos fornecedores", disse.
O setor supermercadista registrou preços estáveis por parte dos fornecedores. De acordo com a gerente de Marketing da rede Supermercados Bretas, Lastênia Duarte de Assis, o cenário é resultado da grande oferta de produtos. O Bretas, sediado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), possui 62 unidades em Minas Gerais, Goiás e Bahia.
O gerente de Marketing da rede de supermercados Bahamas, sediada em Juiz de Fora (Zona da Mata), Nelson Júnior, explicou que os preços ficaram equilibrados até junho. "Se conseguirmos atravessar o restante de 2010 desta forma será interessante", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG