Um prédio de 9 mil metros2 na Marginal Tietê será o "quartel general" do Magazine Luiza a partir de outubro. A maioria da diretoria passará mais tempo no novo endereço, onde vai funcionar uma megaloja de 3 mil metros 2, do que na sede em Franca (SP). A mudança não é por acaso: com só dois anos de atividade, a receita da Grande São Paulo deve atingir R$ 800 milhões em 2010, mesmo valor que toda a rede faturava em 2002.
Agora que a empresa garantiu um pé em todos os Estados do Nordeste, com a compra da paraibaina Lojas Maia, o Magazine Luiza quer reforçar sua presença no maior mercado do país. Até o fim de 2010, a Grande São Paulo deve ter 70 lojas, contra 44 de dois anos atrás, quando desembarcou na região.
"Uma nova aquisição só virá depois de consolidar a Lojas Maia, o que não é pouca coisa e deve levar um ano e meio", disse a presidente do Magazine, Luiza Trajano, referindo-se às 147 lojas da paraibana. "Mas sonho com o Centro-Oeste e amo o Rio", avisou ela, que descartou outra negociação agora.
O plano de crescer na metrópole paulista faz parte da estratégia do Magazine de aumentar a sua participação na web. "Mais pontos de venda aqui animam o consumidor a comprar on-line, porque sabe que pode procurar a loja se precisar", diz o superintendente do Magazine, Marcelo Silva. Hoje, a loja on-line tem 15 mil itens, o dobro do da loja física, e deve saltar para 30 mil até o final do ano. Por conta da Copa, a rede começou a vender artigos esportivos. "Só neste primeiro semestre, a venda on-line saltou 90% e, até o fim de 2010, vai representar 15% do total da rede", diz Frederico Trajano, diretor de marketing e vendas do Magazine.
O crescimento está acima da média do mercado. "No primeiro semestre, as vendas on-line aumentaram cerca de 40%", diz Alexandre Caixeta, diretor da consultoria e-Bit. Só em junho, a venda de eletroeletrônico, eletrodoméstico e informática ultrapassou um terço do total na web (34%). Em junho de 2009, a fatia era de 29%.
Juntos, a operação on-line (15%) e a da Grande São Paulo (16%) devem representar quase um terço da receita do Magazine para este ano, previsto em R$ 5 bilhões. Com a Lojas Maia, que teve vendas de R$ 560 milhões em 2009, o faturamento deste ano será de R$ 5,8 bilhões. Segundo Luiza, a aquisição foi com capital próprio. A rede paulista contou com a assessoria financeira da BR Partners e a jurídica do escritório Mattos Filho. Do lado da Lojas Maia, a assessoria veio do Demarest & Almeida.
Ao final de 2009, o Magazine tinha R$ 183 milhões em caixa. A empresária não confirmou o valor de R$ 290 milhões pela compra, mas disse que 40% foi em dinheiro e o restante pagou dívidas. Como adiantou o Valor, o Magazine não realizou "due dilligence" na rede paraibana, procedimento que terá início agora. Luiza minimizou o fato. "Nós temos o mesmo auditor, a Deloitte, e o balanço deles [Maia] é auditado há três anos", afirmou.
Com a rede nordestina, o Magazine continua na terceira posição no ranking dos maiores varejistas de eletromóvel do país. São 611 lojas em 16 Estados e oito centros de distribuição. Marcelo Maia é o único da família confirmado no comando da empresa. "A maior parte dos sócios têm outras atividades", diz ele, que será o novo diretor do Magazine para o Nordeste. "Vender foi uma decisão da família".
Veículo: Valor Econômico