O setor atacadista mineiro deve registrar expansão de aproximadamente 8% no segundo semestre, de acordo com previsão do presidente da Associação dos Atacadistas Distribuidores do Estado de Minas Gerais, Ronaldo Saraiva Magalhães. A estimativa de faturamento para a segunda metade do ano é de cerca de R$ 18,5 bilhões, R$ 1,5 bilhão a mais do que o já arrecadado nos primeiros seis meses.
De janeiro a julho, o segmento também apresentou incremento de 8%. Embora os últimos seis meses sejam, tradicionalmente, mais favoráveis ao atacado, Magalhães preferiu fazer uma estimativa conservadora.
"Apesar de o segundo semestre ser mais forte, devemos registrar crescimento percentual igual ao do acumulado de janeiro a junho porque a base de comparação com o segundo semestre de 2009 também é mais forte", explicou. Nos seis últimos meses do ano anterior, o setor registrou incremento de cerca de 6% frente ao mesmo período de 2008, época que antecedeu a crise econômica.
Na avaliação do presidente, o resultado é reflexo do aumento no número de empregos e na renda do consumidor mineiro. "Quem não tinha trabalho e agora tem, começa a consumir, ainda que os produtos comprados sejam apenas o necessário para a subsistência. Aqueles que agora possuem renda maior, podem consumir mais produtos e de melhor qualidade", esclareceu.
Alimentos - Magalhães afirmou que os alimentos, principais responsáveis pelo faturamento do setor atacadista, respondem por cerca de 80% dos produtos comercializados e, naturalmente, devem continuar alavancando as vendas do segmento.
"São itens básicos, que nunca deixarão de ser consumidos. Nunca há expressiva queda na venda desses artigos", revelou. Os 20% restantes da carteira de produtos oferecidos incluem itens de higiene, cuidado pessoal, papelaria, vestuário e, até mesmo, materiais de construção e eletroeletrônicos.
Atualmente, o setor gera 250 mil empregos no país. Em Minas, o segmento é responsável por 60 mil postos diretos de trabalho. O Estado possui ainda 22 mil representantes comerciais. Apesar de não fazer previsões, Magalhães acredita que deve haverá um número significativo de vagas abertas no segundo semestre.
Segundo o presidente, o setor tem contratado mão de obra não somente nos últimos seis meses, mas durante todo o ano. A falta de pessoal especializado é um dos grandes problemas enfrentados pelos empresários atacadistas. "Há carência de representantes capacitados. Em muitos casos, o vendedor não se adequa às exigências do cargo e desiste da atividade antes mesmo de começar. Essa deficiência interfere diretamente nos negócios", afirmou.
Tributos - A guerra fiscal travada entre os estados e a elevada carga tributária vigente em Minas Gerais também são entraves enfrentados pelo setor, apontou Magalhães. "Não existe incentivo no Estado", reclamou.
De acordo com ele, diante desse quadro, as empresas são estimuladas a abrir filiais fora de Minas Gerais. "Nos últimos dez anos, a atividade (no Estado) vem perdendo participação no mercado nacional. Antes, o setor respondia por 40% do mercado. Atualmente, não deve passar de 30%", disse.
"Governos de estados vizinhos proporcionam facilidades às empresas, o que faz com que o nosso produto fique cerca de 5% mais caro. Para o atacado, esse é um valor alto, já que trabalhamos com uma margem de lucro muito reduzida por causa da grande concorrência", completou o presidente da Ademig.
Veículo: Diário do Comércio - MG