Central Minas Leite aposta na união de cooperativas

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A instabilidade dos preços pagos pelo leite tem incentivado a formação de cooperativas que visam reduzir os custos de produção e garantir a renda dos produtores. No Sul de Minas Gerais 23 cooperativas se uniram e formaram a Cooperativa Central Minas Leite e estão conseguindo ganho de escala por litro do leite em até 10%. O objetivo da união é realizar compras conjuntas de insumos para obter preços mais competitivos.

 

De acordo com o diretor superintendente da Minas Leite, José Américo Simões, a junção das atividades trouxe resultados positivos para os cooperados. A Minas Leite é formada pela união de 23 cooperativas mineiras e representa cerca de 12 mil produtores. A média de captação é de 1,8 milhão de litros de leite diários.

 

Para Simões, a união dos produtores é uma tendência mundial e uma das melhores fórmulas para geração de renda dos produtores. "Através da comercialização conjunta e da compra de insumos conseguimos reduzir os custos de produção e garantir uma receita entre 8% e 10% superior para o produtor cooperado, se comparado com a receita gerada para quem trabalha isolado", disse Simões.

 

Através da Minas Leite foi criada uma central de compras para abastecer as lojas das cooperativas associadas. Por ano, são vendidas 1 milhão de doses de vacina contra aftosa e 300 mil doses para combate à raiva bovina. A central adquire os produtos a preços 12% inferiores aos praticados no mercado.

 

Associação - Um dos planos da Minas Leite para 2010 é o projeto de formação de um megagrupo, através da união das operações da Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR) - detentora da marca Itambé -, da Centro Leite, de Goiás, da Confepar, do Paraná, e da Minas Leite. A Central Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil) desistiu do projeto há cerca de um mês devido à pequena participação que teria no novo empreendimento.

 

De acordo com o executivo, a ideia da unificação das operações das quatro cooperativas é aumentar o poder de negociação no que se refere à compra de insumos, além de possibilitar a redução dos custos. Simões afirmou que "esse tipo de união é uma tendência do setor alimentício e, em especial, do segmento de lácteos em todo o mundo".

 

A formação de grandes grupos é essencial para que os gestores ganhem poder de negociação e competitividade no mercado. Um fator importante que deve ser levado em conta por esses grupos é agregação de valor aos produtos.

 

Atualmente a Minas Leite apenas comercializa o produto in natura. Os principais compradores são a Danone, Nestlé e BRF Brasil Foods. Com a formação de cooperativas de grande porte, a expectativa é que ocorra maior equilíbrio de preços no setor, o que poderá impulsionar a renda dos produtores. Em relação a investimentos futuros, Simões classificou o cenário econômico como desfavorável devido aos baixos preços do leite em plena entressafra.

 

Preço - O preço do leite pago ao produtor em 2010 caiu mais uma vez em julho e a tendência é de que a queda continue pelos próximos meses. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a queda em julho (referente à produção entregue em junho) foi de 6,16% em relação ao mês anterior, para uma média de R$ 0,7242 por litro.

 

A situação é atípica, já que na entressafra o preço pago ao produtor tende a subir, devido ao aumento do custo da produção e a queda de produtividade das vacas, o que limita a oferta do produto no mercado.

 

De acordo com Simões, a redução dos valores também foi influenciada pelo crescimento da oferta no Rio Grande do Sul, que ficou 11,07% superior na média de captação entre maio e junho, e no Paraná, de 6,49%. No Estado gaúcho, o aumento atual foi o maior para o período desde 2006. Outro fator é o maior ingresso do leite uruguaio no mercado brasileiro.

 

"O setor lácteo precisa de políticas públicas que defendam o produtor brasileiro, favorecendo o fortalecimento das cooperativas e promovendo a estabilidade dos preços", enfatizou Simões.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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