Chocolate orgânico Amma cai no gosto de brasileiros e estrangeiros

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Descendente de família de plantadores de cacau do sul da Bahia investe em frutos certificados, que não interferem no meio ambiente, e na fabricação de chocolates selecionados para clientes muito exigentes

 

Se não dá para ser o maior produtor, tem de ser o melhor. Esse é lema do baiano Diego Badaró, pertencente à quinta geração de plantadores de cacau do sul do estado. Interessado no mercado de chocolates finos, Badaró criou a Amma em sociedade com o americano Frederick Schilling, fundador da Dagoba Organic Chocolate, vendida àHersheyem 2006. O cacau orgânico vem da fazenda de 40 hectares de Badaró e os chocolates finos, com diversas porcentagens da matériaprima, são feitos na fábrica inaugurada este ano em Salvador.

 

O investimento no mercado de chocolates selecionados, seja a partir de cacau orgânico, seja certificado — aquele que não interfere no meio ambiente — está sendo o caminho encontrado pelos produtores no sul da Bahia para recuperar o reconhecimento internacional. SegundoWalter Pegani, da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau, ainda é cedo para falar em números, mas tudo indica que é a solução para os produtores que ainda não se recuperaram do baque da vassoura-de-bruxa, praga que, décadas atrás, devastou as plantações da região.

 

Além da Amma, outros produtores estão atrás de certificação, confirma Tharic Galuchi, coordenador do programa de certificação agrícola do Imaflora, entidade responsável pela certificação Rainforest Allianceno Brasil. “O cenário é favorável
porque as gigantes do setor querem aumentar a oferta de chocolate com selo verde, que começa a ganhar a preferência na Europa e nos Estados Unidos.”

 

Padrão artesanal

 

Mais da metade da produção de cacau da Amma, de 60 toneladas anuais, é exportada para os Estados Unidos e para Ásia. Uma parte da matéria-prima ainda é encaminhada ao chocolatier francês François Pralus, que abastece restaurantes estrelados, como o La MaisonTroigros. Pralus foi o primeiro grande cliente de Badaró, quando a fábrica ainda não existia e ele percorria salões internacionais em busca de reconhecimento para o produto. No início de 2007, veio a sociedade com Schilling, e o projeto para fábrica, que recebeu investimento de R$ 1,4 milhão.

 

A outra parte do cacau é transformada em tabletes da marca Amma, que são vendidos a uma rede selecionada de clientes em São Paulo, Salvador, Goiânia, Florianópolis e Juiz de Fora (MG). A empresa produz apenas 2 toneladas de chocolate por mês. “Não vendo grandes volumes justamente porque nosso chocolate é artesanal e temos a possibilidade de oferecer lotes diferenciados, dependendo do teor de cacau”, afirma Badaró.

 

O empresário diz que a aposta no cacau orgânico ainda encontra resistência na sua terra natal. Os antigos fazendeiros do sul da da Bahia não tinham o hábito de cuidar dos plantios com critérios técnicos. Mas Badaró aprendeu como lidar com a cultura local de uma forma bastante literária. Sua família é uma das protagonistas do romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado, que narra as disputas entre dois coronéis pelo controle das terras cacaueiras.

 


Veículo: Brasil Econômico


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