Companhia fatura US$ 250 milhões na América Latina e vende de tempero a pasta de dente
Dificilmente alguém no Brasil conhece o caldo de costela Ricostilla ou a sopa La Sopera, sabor batatas com pimenta. Mas muitos consumidores já viram por aí os vendedores ambulantes de "icegurt", uma espécie de sorvete de iogurte, vendido em sabores bem populares no Brasil, como morango, graviola, coco, manga e maracujá. As "barrinhas de iogurtes congeladas" são a primeira incursão da colombianaQuala no país. Com sede em Bogotá, a fabricante de alimentos coloca aqui a mesma estratégia que a fez crescer e chegar a outros quatro países latino-americanos: os sabores regionais.
Com um faturamento no ano passado de US$ 250 milhões, a Quala começou tímida, em 1980, quando seu atual presidente, Michael de Rhodes, resolveu montar sua própria empresa de alimentos, com a ajuda de outros seis amigos e sócios. Economista, Rhodes já havia trabalhado nas filiais colombianas da farmacêutica Roche e da fabricante de alimentos e produtos de higiene pessoal Unilever.
O primeiro produto da Quala foi o "InstaCrem", preparado não lácteo em pó para ser adicionado ao café e deixá-lo mais cremoso. Mas o pulo do gato veio depois, quando a empresa entrou no mercado de caldos, sopas e temperos com um diferencial que as multinacionais na época não tinham: sabores adaptados à culinária colombiana. Foi assim que surgiram o caldo de carne sabor costela Ricostilla, assim como a sopa estilo "ajiaco", com batatas e pimentas.
Quando, em 1998, a empresa começou sua expansão internacional, abrindo sua filial na República Dominicana, a receita foi replicada lá. O mesmo aconteceu na Venezuela, em 2000, no Equador e no México, em 2003, e, desde o fim do ano passado, no Brasil.
"Estamos pesquisando o mercado brasileiro para testar outros produtos", diz Jorge Quintero, diretor-geral da Quala no Brasil. Ele não revela em que categorias a empresa deve fazer esses lançamentos, nem quando esses novos itens chegarão ao mercado. "Somos uma empresa que pesquisa muito antes de lançar um produto. Por isso não podemos revelar nada agora." Essa pesquisa inclui o estudo de sabores preferidos pelo consumidor local. Antes mesmo de chegar ao mercado nacional, a colombiana realizou um processo longo de pesquisa, iniciado em 2007.
Por enquanto, a Quala Brasil continua com as "barrinhas de iogurte", como gosta de chamar o Icegurt. Na Colômbia e em outros países, a companhia fabrica também sucos em pó, chá gelado, gelatinas, guloseimas, bebidas isotônicas, temperos, caldos em pó, sopas, xampus e creme dental. "Em todos os países em que opera, a Quala tem plantas próprias de fabricação, com exceção do Brasil onde o processo produtivo acontece por meio de terceirização ,com duas empresas parceiras", diz Quintero. Na Colômbia, são sete fábricas.
Aqui, a Qual tem vendido seus produtos para distribuidores, que recebem da empresa material promocional (carrinhos e uniformes) e depois contratam ambulantes. A empresa não informou quantos revendedores ou ambulantes já tem no país. Apenas que iniciou a operação nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, com planos de expansão para outras regiões.
"Nosso principal canal de vendas em outros países são os supermercados. No Brasil, também serão", diz Quintero, que vem negociando com varejistas. A escolha do modelo de distribuição atual, porém, aconteceu por um motivo simples. Segundo Quintero, ir às ruas é a melhor maneira de conhecer e ter contato com o consumidor final.
Veículo: Valor Econômico