Lojas gratuitas funcionam como uma espécie de clube de consumo
Entrar em uma loja e levar cinco itens sem pagar nada. Não, não é furto. É um novo modelo de estabelecimento varejista que começa a marcar presença no mercado brasileiro. Chamado de loja gratuita, o modelo funciona como uma espécie de clube de consumo, onde os associados têm contato com lançamentos disponibilizados por fabricantes, com o objetivo de testar a receptividade junto aos consumidores. O pagamento pelos produtos retirados da loja é apenas a opinião de quem testou. A estratégia é conhecida como tryvertising, algo equivalente a "teste antes de comprar".
Para o público ávido por novidades, esses locais podem ser considerados um verdadeiro parque de diversões. Pagando uma taxa anual que pode ser de R$ 15,00 ou R$ 50,00, relativa apenas ao cadastro no site das lojas, o experimentador pode levar para casa, mensalmente, cinco produtos expostos. A contrapartida é a resposta a uma pesquisa de opinião sobre os itens escolhidos, procedimento que libera o associado a uma próxima visita.
"Eles terão um período de 15 dias para responder a esses questionários - que ficam disponíveis online. A única exigência para fazer uma nova visita à loja é estar em dia com suas pesquisas", explica o sócio da Sample Central João Pedro Borges.
Inaugurada no mês passado em São Paulo, a unidade é uma franquia da Sample Central japonesa. Borges relata que ao tomar conhecimento sobre o modelo de negócio, acreditou no potencial do mercado interno para receber um estabelecimento do gênero. De acordo com ele, a economia aquecida somada à curiosidade e interesse do brasileiro por inovações era o cenário ideal para a entrada da marca. Depois do curto tempo de atuação, o site da empresa já registra quase 28 mil cadastrados. "O plano é que tenhamos 40 mil cadastrados em nove meses", revela Borges.
Lá, é possível escolher entre cerca de 230 diferentes itens para fazer o test drive de 70 fornecedores diferentes. A grande vantagem para as marcas que expõem seus pré-lançamentos em locais assim é o acesso a informações privilegiadas sobre como aquele produto é percebido em um primeiro contato com os consumidores.
Na Sample Central, o índice de pesquisas respondidas após o experimento é de 94%, um feedback garantido à indústria. O valor pago para dispor seus produtos em uma loja gratuita é inferior ao de uma pesquisa de mercado, também é dessa quantia que é gerada a receita desse tipo de negócio.
O esquema de funcionamento é o mesmo observado no Clube Amostra Grátis, também em São Paulo, que já conta com 16 mil associados. O sócio do empreendimento Luiz Gaeta revela que a meta da empresa é reunir um contingente sólido para o experimento de lançamentos. "A ideia é termos uma amostragem regional do Brasil, e não apenas de São Paulo, até para que a indústria possa testar em todos os mercados", diz. Levando em conta que os negócios estão a todo vapor, o sócio conta que o Clube deve se expandir para novos estados, a fim de consolidar o modelo de negócios.
A próxima unidade do clube a ser aberta já tem local definido, será na capital paranaense, Curitiba, e deve iniciar operações ainda no mês de agosto. E os consumidores gaúchos devem ficar atentos, pois Porto Alegre também está na mira da empresa, segundo Gaeta. "Um dos lugares em que pretendemos abrir uma unidade é em Porto Alegre, mas ainda não temos uma previsão imediata."
Veículo: Jornal do Comércio - RS