O maior grupo mundial de alimentos está prestes a também se tornar o mais rico do mundo. Nos próximos meses, a Nestlé receberá US$ 28 bilhões relativos à venda de sua participação na Alcon, a empresa americana de produtos de cuidados para os olhos. Os recursos, equivalentes ao lucro líquido dos próximos três anos, darão à fabricante do Nescafé dinheiro suficiente para rivalizar com acumuladores compulsivos de caixa do setor tecnológico, como o Google.
Ao contrário desses grupos de tecnologia, no entanto, a suíça não pretende ser uma potência financeira. Na verdade, espera ver seu endividamento líquido voltar aos níveis de 2009. Grandes aquisições são uma forma de fazer isso, mas o executivo-chefe da companhia, Paul Bulcke, prefere ter um orçamento modesto para aquisições, em torno a 3 bilhões de francos suíços (US$ 2,89 bilhões) por ano. As especulações de que a Nestlé poderia elevar sua participação de 30% na francesa L ' Oréal parecem equivocadas.
A empresa também não poderá distribuir grande parte dos recursos da Alcon em suas próprias operações, não uma empresa que acumulou no ano passado 8 bilhões de francos em fluxo de caixa livre, já descontados dividendos. Em vez disso, prepara-se o surgimento de uma de mistura de fabricante de chocolate com caixa automático: uma companhia aberta de US$ 170 bilhões que ejeta dinheiro.
A Nestlé devolveu 12 bilhões de francos aos acionistas em 2009, seja em dividendos ou em programas de recompra de ações. A companhia distribuição mais dividendos em todos os anos desde 1997. Um novo programa de recompra, de 10 bilhões de francos, foi iniciado logo após o fim do anterior, de 25 bilhões de francos.
Contudo, a Nestlé terá de encontrar formas melhores de usar pelo menos parte de seu caixa. A empresa fabrica produtos baratos e desejáveis (alguns diriam até viciantes) no mundo todo, mas está atrás da rival Unilever nos países emergentes, de onde vieram 30% de suas vendas em 2009. Na América Latina e Caribe, as vendas ficaram estagnadas.
Veículo: Valor Econômico