Fornecedores de refeição coletiva sofisticam oferta

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Objetivo é elevar rentabilidade e evitar passeio em shoppings

 

Depois de passar 2009 travando uma guerra de preços por causa da crise, a retomada econômica em 2010 abriu espaço para as empresas de refeições coletivas ampliarem serviços e sofisticar a oferta nos restaurantes e lanchonetes corporativos, com uso de marcas conhecidas nas praças de alimentação de shopping centers.

 

A GRSA está intensificando a instalação de franquias, como Casa do Pão de Queijo e Spoleto, dentro das instalações dos clientes corporativos. A Gran Sapore, que já tem unidades Rei do Mate, Grão Expresso e Montana Grill em algumas empresas, lançou esta semana um formato de loja de conveniência. E a Nutrin pretende oferecer o modelo BExpress by Bob's, versão mais enxuta da rede de fast food, como alternativa a lanchonetes convencionais que administra.

 

A iniciativa é uma forma de aumentar a rentabilidade e atrair a atenção dos funcionários, evitando que eles saiam para consumir em praças de alimentação de shoppings - a mais forte concorrente dos fornecedores de refeição coletiva, além das rivais do setor.

 

Por parte das empresas clientes, também há demanda por um serviço diferenciado. "Com a economia aquecida, há uma preocupação com a retenção dos profissionais. E a alimentação é um chamariz", diz Regina Belelli, diretora da divisão de saúde e produtos premium da GRSA. Líder do setor, com receita de R$ 1,4 bilhão, a GRSA tem há anos uma operação de varejo com franquias de redes como Bob's, Vivenda do Camarão e Subway em aeroportos e rodoviárias e a partir deste ano intensificou a oferta dessas marcas para seus clientes corporativos. Nem sempre é necessário instalar uma unidade ou quiosque da "grife". Às vezes apenas parte do cardápio dessas redes é incorporada no restaurante da companhia em dias específicos da semana, como as sextas-feiras. "É uma quebra de rotina", afirma Regina.

 

A Gran Sapore, pioneira na introdução do conceito de praça de alimentação no ambiente empresarial, pretende aumentar ainda mais a oferta de serviços com a instalação de pequenas lojas de conveniência em espaços próximos aos seus restaurantes, que tenham nas prateleiras de chocolates a meias finas. Para isso, está fazendo parcerias com seus próprios clientes, como a Kraft, que será a fornecedora de chocolates e biscoitos. Um piloto foi feito na Páscoa deste ano, quando R$ 185 mil em ovos Lacta foram vendidos em 14 dos mil restaurantes geridos pela Sapore no país.

 

O projeto prevê vários tamanhos de lojas de conveniência, de acordo com a demanda do cliente e pode até ter uma pequena padaria, para que o funcionário possa levar pão quente para casa quando sair do trabalho. "A ideia é trazer novidade e facilidades para os colaboradores das empresas, aumentando a movimentação na área próxima aos nossos restaurantes", diz Daniel Mendez, presidente da Gran Sapore, que teve receita líquida de R$ 800 milhões no ano passado e espera chegar aos R$ 900 milhões este ano.

 

A Nutrin também está negociando parcerias para ir além da refeição na sua oferta aos clientes. Uma das negociações, com um frigorífico que já é seu fornecedor, prevê colocar em seus restaurantes uma geladeira com um "kit churrasco" para ser vendido aos funcionários. A carne seria cedida em comodato e a Nutrin receberia um percentual sobre as vendas. A empresa já tem uma parceria com a Vivenda do Camarão, para servir pratos dessa marca e agora pretende ser o operador, nas instalações de seus clientes, do formato BExpress, do Bob's, que não exige a montagem de uma cozinha, e pode substituir as lanchonetes convencionais. Nesse modelo, os sanduíches são entregues prontos pela rede de fast food e só precisam ser descongelados e aquecidos em forno. Hoje, a Nutrin administra 40 lanchonetes e 330 restaurantes dentro de empresas.

 

"A refeição é uma 'commodity', oferecer inovação e outros serviços é fundamental para aumentar o faturamento e a rentabilidade", diz Aderbal Nogueira, presidente da Nutrin. Ele projeta faturar R$ 200 milhões em este ano, um aumento de quase 40% sobre o ano passado, incluindo também aquisições.

 

Paralelamente às novas propostas, o aumento das contratações com carteira assinada está elevando de maneira significativa a receita das companhias. "Como há a abertura de vagas em vários setores, estamos aumentando o número de refeições servidas por contrato", afirma Antonio Guimarães, diretor-superintendente da Aberc, associação que reúne as empresas de refeição coletiva. Ele estima que o faturamento do setor cresça 15% até dezembro, sobre os R$ 9,8 bilhões movimentados no ano passado.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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