Praticidade tira cliente da fila dos hipermercados

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Lojas de bairro "roubam a cena". 

 

As grandes redes de supermercados, caracterizadas pela ampla oferta de produtos, deverão passar por transformações em breve. Um levantamento feito pela empresa de consultoria Nielsen revelou que esse formato está perdendo força em tempos de consumo acelerado. De janeiro a junho, o segmento no país registrou queda de 7% no volume de vendas na comparação com igual intervalo de 2009. Já em relação ao faturamento dessas empresas, o recuo foi de 9%.

 

Na contramão do setor estão os supermercados de bairro que, pela praticidade, têm atraído cada vez mais clientes. O mesmo estudo indica que esses estabelecimentos atingiram crescimento nas vendas de quase 10% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 2009.

 

Para o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, esse movimento condiz com a realidade atual do brasileiro. "Os estabelecimentos de bairro oferecem características muito valorizadas hoje em dia, como a comodidade", disse. "Além da falta de tempo, os preços dos grandes e pequenos não têm tanta diferença como na época de grande inflação", contextualizou. Sem distinguir o tamanho das lojas, a Amis prevê expansão do setor em 7% para este ano em relação a 2009 e faturamento de R$ 13 bilhões.

 

Há 49 anos no mercado, a panificadora Romanina, hoje com duas unidades em Belo Horizonte, ganhou status de pequeno supermercado. A loja maior, localizada no Prado, na região Oeste da Capital, tem 800 metros quadrados, oferece 14 mil itens e recebe, diariamente, cerca de 3 mil clientes.

 

"As pessoas nos procuram por estarmos mais perto delas", disse Reinaldo Manoel, diretor da empresa, que além da loja no Prado possui uma filial no bairro Castelo, na região da Pampulha. "Acabou aquela época em que as donas de casa podiam pegar o carrinho e ficar andando horas pelos enormes corredores dos hipermercados", acrescentou.

 

Segundo ele, outra mudança no comportamento do consumidor é que, hoje, as pessoas preferem visitar várias vezes o supermercado durante o mês, ao invés de fazer uma compra maior. "Eles visitam mais vezes o estabelecimento", disse. Neste caso, Manoel chama a atenção para outro diferencial dos supermercados de bairro: o atendimento. "Aqui os nossos clientes são quase todos conhecidos pelo nome."

 

Preço - O diretor da panificadora Romanina concorda com o comparativo de preços envolvendo pequenos e grandes estabelecimentos feito por Rodrigues, da Amis. "Os nossos custos envolvendo funcionários e operações são muito menores, então conseguimos garantir boas ofertas", acrescentou. A empresa emprega atualmente 167 pessoas.

 

Oferecer preços competitivos foi o que levou o proprietário do Supermercado Prado, na região Oeste, Gilson Lopes, a se filiar à Rede Perto de Supermercados, que abrange outras 40 empresas. "Com a central de compras, temos acesso a um mix maior de produtos, além de garantir bons preços devido ao grande volume negociado", explicou. Para 2010, o Prado prevê faturar R$ 6,3 milhões, 6% a mais do que em 2009.

 

Conforme o superintendente da Amis, a tática adotada por Lopes tem se disseminado no Estado. Atualmente, já existem em Minas Gerais aproximadamente 60 centrais de compras, sendo 45 delas filiadas à associação.

 

Natal - A Rede Perto já está, inclusive, se organizando para as compras de fim de ano, adiantou Lopes. No Supermercado Prado, é esperado que em dezembro as vendas sejam 20% superiores às do mês anterior. Já em relação ao último Natal, é prevista a mesma expansão esperada para 2010: 6%.

 

As outras lojas consultadas também estão otimistas. No Supermercado Vip, no bairro São Salvador, região Noroeste da cidade, o gerente-geral, Warley Martins, comentou que o estoque da empresa deve dobrar para atender à demanda do Natal.

 

Conforme ele, apesar da previsão de incremento nas vendas ser de 25%, parte da mercadoria deve ser estocada para os meses seguintes. "Assim conseguimos praticar preços melhores. Além disso, janeiro é um mês difícil para a indústria e, dessa forma, garantimos boas mercadorias", enfatizou.

 

Já na Romanina, o diretor espera um crescimento tímido no fim do ano. Segundo Manoel, o volume de vendas deve ser 5% maior em dezembro, impulsionado, principalmente, pela comercialização de vinhos e panetones de fabricação própria.

 

Destaque - Conforme o superintendente da Amis, o maior destaque dos supermercados de bairro pode ser explicado, também, pela maior oferta de serviços. " visível que, qualquer novo serviço, acarreta em um crescimento substancial, já que o faturamento dos pequenos é baixo", disse. "Já nos hipermercados, ocorre o contrário. Para haver um incremento de 2% é preciso um esforço enorme", comparou.

 

Os argumentos de Rodrigues podem explicar o bom desempenho da Romanina. A padaria-supermercado se diversificou ao longo de sua história e, hoje, oferece, inclusive, produtos de açougue. Para 2010, a empresa espera expansão de 8% em relação a 2009.

 

O Supermercado Vip também optou em investir na oferta de serviços para conquistar mais clientes. Entre eles, está a entrega das compras gratuitamente. Além disso, Martins disse que a empresa já está testando, em cinco bairros, as vendas pela internet que, em breve, devem ser estendidas para outras regiões.

 

Os números da Amis indicam que o setor supermercadista, de fato, está optando por melhorias. Neste ano o segmento deve investir R$ 200 milhões.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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