Carlos Tilkian fala do sucesso da marca Estrela

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Fundada em 1937, a marca de brinquedos Estrela conquistou a diversas gerações. Tal fato se motivou pela apresentação de uma gama de produtos para o segmento infantil, sendo que alguns se mantêm no viver de muitos adultos. Em entrevista ao Shopping News, Carlos Tilkian, presidente da marca, explica os fatores que evidenciam o tamanho sucesso da Estrela, diante de um segmento tão competitivo.

 

Também no bate-papo, Tilkian afirma as expectativas positivas para o próximo dia 12 de outubro, Dia da Criança, e para o Natal, além dos projetos sociais e ambientais que envolvem o nome da empresa, que pode ser caracterizada como uma "fábrica de diversão". Acompanhe

 

Neste mercado tão disputado, o de brinquedos, como explicar o sucesso da marca Estrela ao longo de seus 73 anos de trajetória?

 

Avalio que o sucesso está calcado em um tripé. O primeiro é o processo de qualidade, pois sempre estivemos propostos a oferecer às crianças brinquedos de qualidade, tendo o respeito às diversas capacidades de poder aquisitivo da população. O segundo ponto é o da inovação, pois a marca tem consciência que as crianças são ávidas por novidades, em especial no Brasil, onde são ligadas à tecnologia, por isso nos preocupamos em agregar tecnologia em nossos produtos, pois permite que a criança esteja conectada e faça parte de tais avanços tecnológicos. Por fim, o terceiro ponto deste tripé é o respeito à criança, pois temos consciência de que trabalhamos com o público infantil, e que muitos não proveem de famílias com poder aquisitivo elevado, e buscamos que nossos brinquedos não sejam contemplativos, pois buscamos que nossos produtos deem algum tipo de desenvolvimento motor, matemático e de raciocínio às crianças.

 

Atualmente a marca promove quantos lançamentos por ano?

Em torno de 200 lançamentos anuais. A ideia é renovar em torno de 30% a 40% da coleção a cada ano, justamente para poder manter sua linha de produtos atualizada para um público que é ávido por novidades. Hoje contamos com 560 produtos, dos quais 220 lançados neste ano de 2010.

 

E os relançamentos? Como funciona este processo de retomar a edição de um produto já lançado no passado?

O brinquedo tem uma característica: como você trabalha com a criança com uma faixa etária específica, após 10 anos o público cresce e se afasta de nosso mercado, e logo possibilita a oportunidade para se trazer um campeão de vendas. Mas confesso que não é fácil essa receita em um mercado tão competitivo. Existe uma somatória de fatores para isso desde o preço ou da brincadeira. Quando se têm campeões de venda buscamos trazê-los novamente. Isso é realizado através de um mapeamento. Neste ano temos exemplos de relançamentos de grande sucesso como o Ferrorama, um clássico da marca, que foi o primeiro trem elétrico, que infelizmente perdeu -se no cotidiano das crianças. Neste caso a estratégia foi feita com as redes sociais, como uma brincadeira entre os internautas e os fãs do brinquedo.

 

Você fala de campeões de venda, mas qual é o produto que revolucionou a marca e possui uma maior vendagem?

É o Banco Imobiliário. Está conosco a mais de 50 anos e ele é até os dias atuais o jogo mais vendido no Brasil. Sempre procuramos agregar novidades para este produto. Para se ter ideia, foi o primeiro produto no mundo a trabalhar com plástico que vem da cana-de-açúcar e para isso foi criada uma versão específica, o Banco Imobiliário Sustentável, onde as crianças ao invés de se utilizarem de dinheiro, compravam as propriedades com crédito de carbono. Com isso existiu um aprendizado e uma discussão sobre as questões do meio ambiente. Neste ano relançamos o brinquedo, na versão SuperBanco Imobiliário, onde os jogadores fazem suas compras com máquina de cartão de crédito de débito. Neste caso, um trabalho de educação financeira para as crianças.

 

Nesta nova edição do jogo foram agregadas empresas parceiras, certo? Como foram realizadas tais parcerias?

A ideia era fazer as transações com cartão de crédito, porém não se faz isso com propriedades, mas sim com produtos e serviços, certo? Logo a proposta, até para se ter uma maior diferencial, buscamos empresas com foco na criança e líderes em seus segmentos, tendo uma troca de acúmulo de valores. Nossa primeira parceira foi a MasterCard que achou interessante o ideia, e sucessivamente vieram outras marcas como o Banco Itaú, a Vivo, a Fiat, Postos Ipiranga, Nivea, entre outras.

 

Como está a venda desta edição?

Tem sido o produto mais vendido no Brasil, no segmento de brinquedos nos últimos dois meses.

 

Comente sobre o poder de interação entre pais e filhos deste brinquedo.

O jogo tem o benefício de fazer com que pessoas de diversas faixas etárias façam parte do brinquedo. O elemento dado presente faz com que seja estimulado o elemento "sorte" e isso equaliza os diferentes graus de conhecimento e idades dos participantes. Dizemos que o produto misturador social, pois além de entreter o público infantil, mas serve como instrumento para as crianças aprender sobre as vitórias de derrotas da vida, e acima de tudo é um produto que pode ser estendido para uma faixa etária maior, pois é comum os jovens e adultos, em um encontro, se reunirem para jogar e se distrair e conversar

 

De sua chegada à empresa, no início dos anos 90 aos dias, quais foram as mudanças de comportamento deste público infantil?

Na verdade o que mudou foi a velocidade da mudança. A criança sempre muda, sempre quer novidades. Hoje as crianças são tecnológicas, e em função da Internet e de sua agenda diária vivem muito mais a frente de um computador para interagir com seus amigos. A internet também possibilidade ao público infantil ter uma visão do mundo em sistema on-line. As crianças do mundo atual também desenvolveram uma capacidade de fazer três ou mais coisas ao mesmo tempo, e se não conseguimos desenvolver uma linha de brinquedos que permita este ritmo, então é o grande desafio.

 

É sabido que a Estrela possui ações sociais importante. Comente sobre tais projetos.

Neste ano a venda da boneca Susy não será revertida para uma entidade social, mas sim para um projeto de combate de câncer de mama, o IBCC. Junto com a boneca o consumidor recebe um material informativo sobre a enfermidade. Neste ano a receita será revertida para este projeto de conscientização.

 

Neste 12 de outubro, qual é a expectativa da empresa para a comercialização de seus produtos?

Positivo. A economia passa por um desempenho bom. O brinquedo é um produto que depende da renda disponível e no momento que você tem volume de geração de empregos, como esta sendo registrado este ano e um pequeno aumento da renda, isso se reverte em um pequeno aumento para o setor. A Estrela, em virtude do sucesso de alguns lançamentos aliado ao bom momento econômico esperamos uma estimativa positiva nas vendas entre 15% a 20%.

 

Essa expectativa também se reflete para o período natalino?

Sim. O Natal tem uma dúvida maior, em especial para se saber como a economia irá se justar pós-eleição. Mas é tudo muito próximo, e talvez independente do resultado da eleição o tempo muito curto. Mas a expectativa é termos um Natal positivo e torcemos para que o Brasil tenha nos próximos cinco anos um bom desempenho.

 

Aliás, em 2009 tivemos o problema da crise mundial financeira. Como foi o comportamento perante aquele momento?

Sentimos no aspecto da operação, em especial no início do ano passado. Nosso setor vive da sazonalidade, pois 70% do nosso negócio ocorre no último trimestre, entre o Dia da Criança e do Natal. Porém no início do ano é preciso fazer as definições de suas importações e pagar por elas, e também definir a sua coleção para dar início a sua produção, pois o momento de consumo é grande sendo preciso começar a abastecer o varejo com antecedência, até porque posteriormente é possível ter problemas com estruturas logísticas. Em 2009 ocorreu uma falta de crédito, e isso interferiu para o planejamento da definição da coleção. Conseguimos crescer em torno de 8%, em relação ao ano anterior. Um registro positivo, em meio aos relatos apresentados pelo mundo.

 

Anteriormente falamos de opções para as diversas classes sociais. Mas quanto custa em média os produtos Estrela?

Nosso primeiro preço parte de R$ 5 e temos produtos mais sofisticados que chega na faixa de R$ 300. A média dos produtos variam entre R$ 50 a R$ 70. Mas vale lembrar que entre 40% e 45% são tributos e caso tivéssemos uma outra estrutura de impostos poderíamos oferecer essa coleção por um preço médio de R$ 20. Isso poderia gerar um aumento de vendas, de produção, de empregos e consequentemente um aumento de arrecadação para o governo.

 

De volta as questões sociais e ambientais da empresa, comente sobre tais ações?

Entendemos que no projeto de sustentabilidade existem duas grandes áreas: uma social e uma ambiental. Frisamos que nosso principal projeto social é a geração de empregos. Também na área social temos o projeto da Fundação Abrinq, onde sou vice-presidente do conselho de administração, e onde concentramos grande parte de nossos recursos. Anualmente trabalhamos um projeto para captação de recursos. No caso dos projetos ambientais, nossa principal frente é o processo de migração para o plástico verde, que vem de uma fonte renovável, onde partimos para um processo de racionalização de nossas embalagens.

 

Veículo: DCI


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