Setor que aproveitar perda de participação dos EUA no comércio mexicano para ampliar suas vendas ao país
Associação diz, porém, que hora não é boa para exportações que usam muita mão de obra, que é o caso do setor têxtil
Autoridades brasileiras e mexicanas discutem diminuir e até zerar as tarifas de comércio entre os dois países para o setor têxtil e de confecção, ampliando o acordo de preferências que já funciona para outros segmentos, segundo a Abit (associação das indústrias do setor).
O México é um dos alvos internacionais dos produtos têxteis brasileiros porque tem um grande mercado consumidor interno -são cerca de 108 milhões de habitantes-, de acordo com Fernando Pimentel, diretor-superintendente da associação.
Além disso, Pimentel destaca a "complementaridade expressiva" entre as duas economias e o acordo de cooperação econômica 53, de 2002, que faz do México "o único mercado com o qual o Brasil pode negociar independentemente do Mercosul no momento atual".
"Você tem mais liberdade de negociar um acordo quando decide sozinho aquilo que vai ser concedido ou não."
Atualmente, o comércio de produtos têxteis entre os países é pouco expressivo. De acordo com dados divulgados em agosto em estudo da Abit, em 2009 o Brasil ocupou apenas a 21ª posição no ranking de fornecedores para o mercado mexicano.
O México importou US$ 6,72 bilhões em têxteis no ano passado, mas o Brasil enviou menos de US$ 59 milhões para lá.
"Como o México está mais voltado para a América do Norte desde a década de 1990, o comércio Brasil-México nunca se desenvolveu da forma como indica o potencial existente."
Porém, por conta do desaquecimento da economia norte-americana com a crise econômica, os mexicanos começam a buscar novos parceiros comerciais.
MOMENTO
E é esse momento que os empresários brasileiros querem aproveitar. A participação dos produtos têxteis dos EUA nas importações mexicanas caiu de 59%, em 2007, para 53%, em 2009.
Se as tarifas forem zeradas, as perspectivas ficam ainda melhores. A Bia Brasil, de roupas esportivas femininas, enviou para o México 7.000 das 100 mil peças que produziu em 2008. Em três anos, pretende enviar 20 mil peças por mês ao país.
NA MIRA
Pimentel afirma que este não é um bom momento para as exportações brasileiras, especialmente de indústrias intensivas de mão de obra, como as têxteis.
"O nosso câmbio está extremamente valorizado e, em paralelo, o governo não avançou na agenda da competitividade com a velocidade necessária", afirma, além de citar os juros e a carga tributária como entraves.
Porém, a Abit tem vários países na mira para a expansão e reforço das fronteiras do setor têxtil brasileiro.
Os principais alvos, segundo Pimentel, são a UE, os EUA e países africanos. "Os mercados da América Latina continuam sendo fundamentais e estamos desbravando também o Oriente Médio."
Veículo: Folha de S.Paulo