No segundo trimestre deste ano, sete em cada dez grandes empresas brasileiras, aproximadamente, fizeram inovações em seus produtos ou processos de produção. A mesma proporção manifestou intenção de continuar inovando no trimestre seguinte, segundo nova Sondagem de Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
A pesquisa, respondida por cerca de 200 empresas - das quase 1,6 mil indústrias com mais de 500 empregados -, mostrou que, no segundo trimestre do ano, 71,5% fizeram algum tipo de inovação tecnológica, índice pouco inferior aos 74% que, na sondagem anterior, informaram a intenção de adotar inovações em suas fábricas, no período entre abril e junho.
Entre o primeiro e o segundo trimestres, cresceu o número de empresas que adotou inovações nos produtos (de 52,4% para 57%), mas caiu (de 55,2% para 50,8%) a quantidade das que introduziram novos processos produtivos.
Um dos principais responsáveis pelo aumento na inovação de produtos foi a ampliação da oferta de produtos das empresas; 35,8% delas informaram ter passado a fabricar até três produtos que, apesar de existentes no mercado, não constavam de sua linha de mercadorias. Chega a quase 8% o número das que introduziram mais de sete produtos novos. O percentual dos que não introduziram nenhum produto novo baixou de 51,4% no primeiro trimestre para 46% no segundo. Ficou constante, em torno de 18%, o percentual das firmas que acrescentaram à sua oferta produtos novos não existentes no mercado nacional.
A redução do número de processos novos introduzidos no mercado fez cair à metade (de 10,5% a 5,2%) a quantidade de grandes empresas que realizou, no segundo trimestre, inovações simultâneas, em processos e em produtos, para o mercado nacional. A maior parte das empresas que adere a inovações parece fazê-lo, porém, apenas para atualizar-se em relação ao mercado. O número de empresas que declarou a intenção de introduzir inovações ainda não existentes no mercado brasileiro até caiu no segundo trimestre, para menos de 23% - bem abaixo dos 29,5% que deram a mesma resposta na primeira sondagem.
Para os responsáveis pela sondagem, as variações registradas em relação aos três primeiros meses do ano foram "pouco significativas", na maior parte dos indicadores, o que já era esperado pelos técnicos. Alguns números, porém, apontam para uma melhoria no cenário de inovação. Enquanto no primeiro trimestre, por exemplo, 34% dos pesquisados haviam informado que os investimentos em inovação tinham aumentado em relação ao trimestre anterior, nesta sondagem o percentual subiu para 42%.
Iniciada neste ano, a pesquisa inda não permite avaliar quais mudanças refletem alterações no ânimo dos empresários e quais refletem fatores sazonais (férias, fim de ano etc). A manutenção de indicadores relativamente altos na intenção dos empresários em inovar é interpretada pela ABDI, porém, como bom sinal, de "movimento consistente" de inovação entre as grandes empresas. As pressões de custo e demanda dos clientes estão entre as principais pressões para inovar no trimestre. Outros fatores importantes, apontados por mais de 60% das empresas, são a busca de maior fatia de mercado e o crescimento da demanda interna.
Veículo: Valor Econômico