O Aché, terceiro maior grupo farmacêutico brasileiro, que deve fechar o ano com um faturamento de R$ 2,3 bilhões (10% a mais do que em 2009), está desembarcando no México. Ontem, a empresa iniciou oficialmente a distribuição do anti-hipertensivo Bicartial, o primeiro de seus produtos fabricados no Brasil a ser exportado para o mercado mexicano, graças a uma parceria com o laboratório local Silanes.
Encontrado no Brasil com a marca Lotar, o remédio, que já é comercializado no Peru, Venezuela, Equador e Colômbia, deverá competir no disputado segmento para tratamento de pressão arterial, estimado em US$ 400 milhões no México - a expectativa é de que, no primeiro ano, as vendas cheguem a US$ 13 milhões. "Ao exportarmos com a nossa marca, estamos gerando um grande ativo no exterior, ao mesmo tempo em que fortalecemos nosso perfil exportador e a aliança com o Silanes", afirma José Ricardo Mendes, presidente do Aché. No começo, serão enviadas 3,5 milhões de cápsulas do Bicartial.
Firmado em 2007, o acordo de cooperação com os mexicanos teve um primeiro movimento, em outubro de 2009, com o lançamento do Meritor, um remédio antidiabético patenteado pelo Silanes no mercado brasileiro. Segundo Mendes, com estruturas parecidas - são companhias familiares -, as duas empresas ensaiam novos passos lá fora.
Já está decidido a montagem de um centro de pesquisa e desenvolvimento de remédios na Espanha. "Será a nossa porta de entrada no mercado europeu", diz Mendes. "Desenvolver localmente é uma exigência da União Europeia para atuar nos países da comunidade."
Além disso, os dois laboratórios já estão trabalhando a quatro mãos, no México e no Brasil, no desenvolvimento de dois novos medicamentos, um para o tratamento de diabetes e outro para moléstias cardiológicas. "Os testes clínicos serão feitos nos dois países", diz Mendes.
IPO em 2011. Tradicionalmente, o Aché dedica 10% do Ebtida à pesquisa e desenvolvimento, o que dá uma média anual de R$ 40 milhões de investimento. De acordo com Mendes, o laboratório investiu R$ 130 milhões nos últimos anos no que está sendo considerada como sua maior fornada de novos produtos desde 2000, quando lançou 16 medicamentos. "Estamos com 40 processos de licença na Anvisa à espera de aprovação", diz Mendes, que espera vê-los nas prateleiras das farmácias até 2011.
Além da expansão do portfólio, dois eventos deverão movimentar o Aché em 2011. O primeiro é a conclusão da duplicação da planta de Guarulhos, orçada em R$ 200 milhões. O outro é o muitas vezes anunciado e tantas vezes adiado IPO na Bovespa. "Tive uma reunião com os acionistas e definimos que a operação deve sair em 2011", afirma. "As perspectivas para a economia dão a certeza de que o IPO faz sentido."
Veículo: O Estado de S.Paulo