A Vicunha Têxtil, líder na produção de índigos e brins na América Latina, acaba de anunciar investimentos no Brasil. A empresa fará aportes de R$ 430 milhões, nos próximos três anos, que serão aplicados na modernização das unidades fabris da empresa no nordeste.
O objetivo da Vicunha é ampliar a capacidade de produção de duas fábricas no Ceará e de outra unidade,no Rio Grande do Norte. "O total inclui o investimento de R$ 90 milhões que já foram aplicados este ano para atualização de maquinário e processos, além da manutenção da demanda por mão de obra", afirma a diretora Comercial da Vicunha Têxtil, Anna Maria Kuntz.
De acordo com a diretora, a Vicunha planeja também a instalação de uma fábrica em Cuiabá (MT), destinada às atividades de fiação, tinturaria, tecelagem e acabamento, e também ao beneficiamento e produção de tecido, que receberá um investimento total de R$ 350 milhões.
Em março deste ano, a empresa assinou um protocolo de intenções com o governo de Mato Grosso e com a prefeitura de Cuiabá para instalação da planta fabril. A fábrica terá processamento anual de 65 mil toneladas de algodão e produção anual de 72 milhões de metros lineares de tecido. Não há, segundo a empresa, previsão de início das obras de construção da planta.
Já nas operações externas, a companhia segue em expansão. Nos próximos dois anos, a fábrica da Vicunha no Equador receberá investimento de US$ 25 milhões para duplicação da capacidade instalada da produção de índigo. "O foco é apostar num mix de produtos premium que poderá atender o mercado nacional e principalmente a América Latina, além da Europa", afirma a diretora da Vicunha. Ela acrescenta que, "além da produção no Equador, a empresa analisa a possibilidade de fazer alguma aquisição na Argentina, através do escritório comercial instalado naquele país".
Preços
Segundo a executiva da Vicunha, para continuar a ser referência na indústria têxtil brasileira a companhia procura alinhar seu crescimento e desenvolvimento a tecnologia, eficiência no processo produtivo e investimentos na qualificação de colaboradores.
Com a elevação do preço do algodão nos últimos meses, commodity que é a principal matéria-prima da indústria têxtil, a empresa reajustou, no último trimestre, os preços de seus produtos para garantir as margens de lucratividade da companhia. "Frente à perspectiva de manutenção dos valores elevados desta commodity em 2011, a Vicunha terá de rever o preço de seus índigos e brins para garantir a manutenção da margem de lucratividade adequada", explica o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Vicunha Têxtil, José Maurício D'Isep.
Desempenho
Nos oito meses deste ano, a companhia, que tem capital aberto, registrou crescimento em seu faturamento, diferentemente do que foi registrado no mesmo período de 2009. De janeiro a setembro deste ano, a empresa obteve lucro líquido consolidado de R$ 63 milhões, uma recuperação expressiva se comparada à do mesmo período do ano passado, quando apresentou prejuízo líquido de R$ 207 milhões. Após esses meses, a receita líquida alcançou R$ 620 milhões, crescimento de aproximadamente 21% em relação aos mesmos meses do último exercício, quando obteve receita de R$ 512 milhões. A margem Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) foi 50% superior à do mesmo período do ano anterior, de R$ 92 milhões, totalizando R$ 137 milhões.
Segundo a companhia, a retomada da lucratividade é consequência da estratégia traçada no ano passado e consolidada este ano, com foco nos negócios de tecido índigo e brim, além da alienação de ativos no segmento de malharia, realizada no ano passado. Neste ano, a Vicunha alienou seus demais negócios. "As estratégias adotadas pela Vicunha desde o ano passado mostraram-se extremamente eficazes, porque determinaram a retomada e aumento da lucratividade da companhia", afirma o diretor financeiro. De acordo com ele, a partir de agora, a grande meta é "o fortalecimento da empresa, com investimentos nos negócios internacionais, no aumento da capacidade produtiva e na modernização das fábricas nacionais".
Fundada em 1967, a Vicunha Têxtil iniciou em 1982 suas operações no mercado externo.
A fabricante de tecidos responde por 40% da produção local de índigo, artigo de que é uma das maiores produtoras mundiais.
Veículo: DCI