O banco de investimentos BTG Pactual, que desde o ano passado segue comprando redes de drogarias, ficou em terceiro lugar no ranking de fusões e aquisições das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).O fundo comprou em setembro deste ano o Grupo Rosário Distrital (GRD), a maior rede de drogarias do centro-oeste brasileiro, com mais de 80 lojas no Distrito Federal, e a rede finalizou a compra de 32 lojas da Farmácia dos Pobres, uma das redes mais tradicionais da região, que está em recuperação judicial. Há um ano comprou 100% da rede Farmais, quando a instituição decidiu apostar em ativos ligados à "economia real" - negócios fora da área financeira que incluem empresas do setor de estacionamentos (rede Estapar), combustíveis (postos Aster e ViaBrasil) e hospitais (rede D'Or).
A Farmais é considerada uma das maiores redes de drogarias do País, e no sistema de franquias tem cerca de 430 franqueados no Brasil. Suas lojas estão distribuídas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Segundo dados da Anbima, o volume de fusões e aquisições anunciado no Brasil cresceu 61,8% de janeiro a setembro, na comparação com igual período do ano passado, somando R$ 144,8 bilhões. Foi o maior volume para o período desde 2006, e corresponde a um valor 21,7% superior ao verificado ao longo de todo o ano de 2009. O banco BTG Pactual foi responsável por coordenar operações de R$ 42,807 bilhões. Em seguida na lista aparece o JP Morgan, com R$ 41,412 bilhões, e o BTG Pactual, com R$ 27,637 bilhões.
Nos últimos doze meses, segundo executivos do BTG, o banco se comprometeu a entrar com US$ 250 milhões. E cita as farmácias, os estacionamentos e os hospitais como grande vitrine dos investimentos não-financeiros do grupo. "O crescimento da onda de varejo poderá ter fusões e aquisições em 2011", afirmou, em evento, o presidente de Fusões e Aquisições da Anbima e executivo do BTG Pactual.
Segundo o coordenador do núcleo de varejo da ESPM, Ricardo Pastore, o setor de farmácia caminha rumo à consolidação do segmento para fazer frente às drogarias de hipermercados como Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour, que já admitem a possibilidade de abrir pontos-de-venda de fármacos em ruas. "É necessário que um movimento aconteça para que o setor não fique tão pulverizado como está, hoje visto pelo mercado como um dos grandes problemas", explicou o coordenador.
Ele ainda disse que as empresas que podem ser assediadas, ou assediar, no próximo ano, são as redes Pague Menos e Drogaria São Paulo, algumas das líderes do setor, que apresentaram bons resultados."Elas podem querer a consolidação para brigar com suas concorrentes nacionais e regionais pela nova classe emergente que a cada dia ganha mais poder de compra no mercado", explicou.
No mercado
A expansão do varejo de artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria foi de 11,8% em 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o comércio de forma geral cresceu 5,9%.
"Os números do IBGE não apontam com clareza esse crescimento, porque em grandes redes, como Drogaria São Paulo e Droga Raia, por exemplo, o crescimento foi perto de 20%, já que elas acabaram consumindo as redes menores", explicou professora de Economia da Universidade São Judas, Maria Conceição Fagundes. A especialista ainda deu uma previsão para 2010: "Se confirmado esse cenário, as maiores cadeias de drogaria vão superar, pela primeira vez na história, a marca de R$ 2 bilhões de faturamento", enfatizou.
A Pague Menos faturou R$ 1,87 bilhão em 2009, 20% mais do que em 2008, e o presidente da PagueMenos, Deusmar Queirós, projeta uma receita de R$ 2,2 bilhões neste ano. "Hoje temos 400 pontos-de-venda, e vamos continuar expandindo para cidades com média de 100 mil habitantes", disse o presidente da Pague Menos.
Gilberto Martins Ferreira, que assumiu a presidência executiva da Drogaria São Paulo em outubro de 2009, afirma que, além de inaugurar um recorde de 40 lojas em 2010, outras 30 unidades serão reformadas.
As vendas brutas da Drogasil cresceram 35%, totalizando R$ 1,79 bilhão em 2009. Para 2010, a varejista anunciou planos de abrir 40 lojas em 2010. Em 2009, o lucro da rede foi de R$ 74,6 milhões, 46% maior que o de 2008.
Veículo: DCI