Setor de brinquedos cresce sem proteção, mas ela está de volta

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Desde junho de 2006, quando a tarifa de importação cai para 20%, a receita vem subindo

 

Nas últimas semanas, o Valor colheu dados a respeito da situação econômica das principais fabricantes de brinquedos do país e o quadro apurado é curioso: depois que o imposto de importação caiu de 70%, em 1996, para 20% em meados de 2006, o desempenho dos fabricantes nacionais melhorou. Mas a proteção, ainda que em menor tamanho, voltou.

 

No dia 28 de dezembro foi publicada resolução que aumentou a alíquota de importação dos brinquedos. Para 14 produtos, todos com vendas volumosas (como patinetes, bonecos e triciclos), o imposto subiu de 20% para 35% pelo período de um ano.

 

A análise dos resultados das companhias, de 2001 a 2009 , mostra que durante o prazo de proteção ao setor, de 1996 a 2006, as empresas não registraram ganhos financeiros. Elas cresceram mais rapidamente depois que o imposto caiu, em 2006. Foram analisadas as demonstrações financeiras das empresas brasileiras Bandeirante, Growe Estrela.

 

"A maior demanda das empresas nos últimos anos, com os ganhos de renda e aumento de crédito na economia, ajuda a explicar o desempenho recente", disse Helektra Karnakis, analista financeira da área de brinquedos e ex-Lloyds Banke BBA Creditanstalt. "Mas só isso não explica o cenário. A salvaguarda não se mostra eficiente se, sob a proteção, elas perderam eficiência e competitividade no período. Isso é perceptível se elas cresceram menos que o setor".

 

As fabricantes saíram de um tímido lucro operacional ou prejuízo em 2006, para um lucro na operação que chegou a dobrar em relação ao verificado às vésperas do final da política de alíquotas altas.

 

A Grow registrava prejuízo operacional de 2001 a 2004, teve um pequeno lucro em 2005 (R$ 122 mil) e, entre 2006 e 2008, esse resultado cresceu 20% - atingiu R$ 600 mil.

 

Na Bandeirante, a linha do resultado operacional registra um "sobe e desce" de 2001 a 2004, quando a tendência de crescimento começa a se consolidar. Entre 2006 e 2009, o lucro operacional passou de R$ 2,1 milhões para R$ 10,4 milhões.

 

Na Estrela, o prejuízo operacional de três anos consecutivos (2003, 2004 e 2005) se transformou em lucro, ainda que discreto, nos quatro anos seguintes.

 

"Isso só aconteceu porque colocamos dinheiro nas empresas na época da salvaguarda. Foi o momento em que respiramos melhor e investimos nas empresas para que pudessem crescer no período após o fim da elevação das alíquotas", explica um empresário do setor.

 

Em 1996, o imposto de importação de brinquedos atingiu 70% até reduzir para menos de 30% no último ano de validade da ferramenta de proteção, em junho de 2006.

 

Além dos números da última linha do balanço, outro dado mostra o comportamento das companhias durante e depois da adoção das altas alíquotas. De 2001 a 2005, as vendas de Grow e Bandeirante cresceram 24,1% e 33,6%, respectivamente. Dados da Abrinq mostram que, no mesmo intervalo, a expansão nas vendas do setor foi de 72,4% - maior que a taxa das empresas líderes de mercado.

 

De 2006 a 2009, quando a salvaguarda não existia mais, a expansão das companhias foi superior: 33,2% e 63%, respectivamente. A Grow disponibiliza os números até 2008. Esse período foi analisado porque os resultados das empresas, publicados no Diário Oficial de São Paulo, compreendem esse intervalos. No mesmo intervalo, de 2006 a 2009, a alta nas vendas do setor chegou a 79,7%, também acima do apurado nas companhias.

 

"Quando isso acontece é sinal de que empresas menores, que nem sempre atuam dentro das normas fiscais, podem ter ganhado terreno. A salvaguarda não protege aquelas empresas que pagam os seus impostos, da sonegação dos menores ", diz Helektra.

 


Veículo: Valor Econômico


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