Mudam quantidade de bactéria e padrões de refrigeração e transporte
A partir de julho deste ano, produtores de leite das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste não poderão mais entregar a produção em laticínios e cooperativas se o líquido não seguir um novo limite, mais rígido, de quantidade de bactérias toleradas.
A exigência pode deixar pequenos produtores na marginalidade. O governo de Minas Gerais, principal bacia leiteira do país, estima que ao menos 49,5 mil (15%) dos 330 mil pecuaristas de menor porte ficarão fora do padrão.
A instrução normativa 51 do Ministério da Agricultura estabeleceu padrões de qualidade do leite e critérios mais rigorosos também na refrigeração e no transporte.
A norma foi assinada em 2002, entrou em vigor em 2005, mas só em julho vence o prazo final de adaptação.
No domingo, a Folha revelou que um terço do leite no Brasil ainda chega aos consumidores sem inspeção.
Entre as exigências, o maior desafio é a CBT (contagem bacteriana total), que serve como pista sobre o grau de higiene do lugar onde a vaca foi ordenhada.
No começo, a instrução exigiu CBT máximo de 1 milhão. Atualmente, o limite é 750 mil. A partir de julho, cairá significativamente, para até 100 mil, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Por conta das dificuldades, os produtores de Nordeste e Norte terão um ano a mais, contado desde julho.
Também será mais rígido o controle de células somáticas, que podem revelar doenças nas glândulas mamárias da vaca, além de teores de gordura e resquícios de antibióticos e produtos químicos no leite.
Se a quantidade de bactérias for excessiva, o laticínio orienta o produtor a se adaptar. Em última instância, ele pode até ser descredenciado da cooperativa e a indústria se negar a coletar seu leite.
Os pequenos produtores são os mais atingidos pelo rigidez, segundo Feliciano Oliveira, coordenador técnico e estadual de bovinocultura do Emater-MG.
Veículo: Folha de S.Paulo