Para setor têxtil, crise pode ser boa

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O presidente do Sinditêxtil-SP e conselheiro da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone Netto, acredita que a crise mundial poderá trazer uma boa oportunidade para as indústrias têxteis brasileiras, especialmente na melhora de sua competitividade no mercado externo. 

 

Ele diz que, mesmo com a retração da demanda por conta da queda de consumo nos Estados Unidos e Europa, principais mercados consumidores mundiais para produtos têxteis, o câmbio mais favorável deverá incentivar as exportações das indústrias brasileiras. Para ele, ainda é momento de sentir o mercado e ter uma solução para a retração do crédito em linhas de exportação (ACC e ACE), mas já avalia que o crescimento das exportações do setor poderá superar a previsão de 8% esperada para o ano, dada a desvalorização do real ante o dólar das últimas semanas. 

 

Segundo Cervone Netto, as oportunidades para o Brasil no mercado externo também são mais fortes neste momento diante da perda de parte da competitividade do setor têxtil chinês no mundo, conforme avaliação recente da International Textile Manufacturers Federation (ITMF). Ele, que participou da reunião anual da ITMF, encerrada semana passada, diz que as previsões são de redução das taxas de crescimento da China no comércio mundial têxtil e há estimativas de que haja uma paralisação do crescimento no longo prazo. 

 

Segundo ele, as cotas impostas pela União Européia aos produtos chineses no fim de 2007 reduziram a exportação da China para o bloco entre 30% e 50% (dependendo do produto) e também fizeram com que os preços chineses subissem, diminuindo sua principal atratividade. Pesam também desfavoravelmente aos produtos chineses, o fato de começar a ocorrer aumento do custo de energia na China, elevação dos custos da mão-de-obra, com novas leis trabalhistas, maior pressão sobre sua taxa cambial e maior rigor nas regras ambientais. 

 

Ainda que países como Vietnã tenham se aproveitado do espaço deixado pela China no comércio com a UE, ele diz que há espaço para o Brasil, especialmente em itens de maior valor agregado e em itens com apelo ecológico. Para Cervone Netto, o Brasil deve mudar de postura e passar também ao "ataque comercial" na China e na Índia, locais onde há aumento do número de consumidor, com mais pessoas se incorporando à classe média. Segundo ele, em 2009, a Abit deverá abrir escritórios comerciais nesses dois países com esse intuito. 

 

A previsão da ITMF é que o comércio têxtil mundial feche 2008 em US$ 500 bilhões e fique em torno de US$ 800 bilhões em 2014. As estimativas consolidaram uma continuidade do crescimento desse tipo de comércio, porém a taxas menos fortes. 

 

Veículo: Valor Econômico


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