Projeto integra plano de regionalização para aproximar empresa do consumidor mineiro.
Depois de anunciar no ano passado, investimentos de R$ 520 milhões em Minas Gerais até 2015, a Nestlé, maior empresa de alimentos do mundo, divulgou seu mais novo projeto para o Estado. Seguindo um plano de regionalização que visa maior aproximação com os consumidores mineiros, a companhia vai construir uma cozinha-escola dentro do Mercado Central. Os aportes destinados ao projeto, com previsão para ser inaugurado no segundo semestre, não foram revelados.
Desde 2010, a multinacional trabalha para aliar sua imagem a ações direcionadas ao fortalecimento da gastronomia específica de Minas Gerais. Neste sentido, a campanha "A cozinha está no coração dos mineiros" até o momento associou a Nestlé a dois eventos já consolidados no Estado, o "Comida di Buteco" e o "Festival de Gastronomia de Tiradentes".
A parceria com o Mercado Central é sinônimo de um bom negócio para o estabelecimento, garante o superintendente do mercado, Luiz Carlos Braga. De acordo com ele, o projeto foi aprovado por unanimidade pelos 365 associados que detêm as 400 lojas em funcionamento no local.
Braga comentou que a iniciativa vai interferir diretamente no faturamento dos lojistas já que a cozinha-escola vai utilizar ingredientes do próprio mercado. Além disso, quando o contrato com a fabricante de alimentos for finalizado em quatro anos, toda a estrutura financiada integralmente pela Nestlé, será patrimônio do estabelecimento. O projeto do arquiteto Marcelo Rosenbaum irá ocupar uma área de 250 metros quadrados do mercado.
A gestão do espaço ficará por conta do chefe de cozinha e idealizador do Comida di Buteco, Eduardo Maya. Todas as aulas serão gratuitas e os interessados poderão se inscrever diretamente no local. As classes que serão ministradas também por outros chefes renomados serão formadas por até 30 alunos e devem ocorrer quatro vezes por semana.
Preservar - Além desta iniciativa, Maya é um dos idealizadores da Conspiração Gastronômica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que tem como finalidade divulgar e preservar a culinária típica de Minas Gerais. Entre as propostas estão a conservação dos processos artesanais e a criação de um guia gastronômico para o Estado.
Segundo a gerente executiva da regional sudeste da Nestlé, Beatrice Fasquel, além de preservar a cultura e o dia a dia da culinária mineira, a cozinha-escola será uma opção de capacitação para a população. Com esse objetivo, as aulas irão ensinar, por exemplo, durante a Páscoa, o passo a passo da fabricação de ovos de chocolate.
Para a executiva, a consolidação desse processo poderá impulsionar na Nestlé, a criação de produtos específicos para Minas Gerais. Esse caráter regional da multinacional já atinge outras localidades brasileiras. Em 2008, por exemplo, a companhia lançou, no Sul do país, o Nescafé Solúvel em Pó, no qual, desde o sabor até a embalagem, leva em conta as preferências destes consumidores.
O fato de a gigante dos alimentos estar estreitando suas relações com Minas Gerais não é por acaso. Atualmente, conforme informações da multinacional, o Estado ocupa a vice-liderança no faturamento da Nestlé no Brasil. Hoje, cinco municípios mineiros abrigam fábricas da corporação: Ibiá, Ituiutaba (Alto Paranaíba), Montes Claros (Norte de Minas), São Lourenço (Sul de Minas) e Teófilo Otoni (vales do Jequitinhonha e Mucuri).
Minas é ainda um dos principais polos de captação de leite da Nestlé no país e um dos maiores exportadores de café da companhia no mundo.
No ano passado, o Brasil se tornou o terceiro maior mercado consumidor da fabricante de alimentos. Somente em 2010, a venda de produtos da marca registrou expansão de mais de 20% em território nacional, tendência repetida em outros territórios emergentes.
Veículo: Diário do Comércio - MG