A segunda safra de feijão foi afetada pela escassez de chuvas no início do ano
O preço da saca de 60 quilos de feijão em Minas Gerais apresentou valorização significativa em abril. De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) somente no município de Unaí, na região Noroeste do Estado, foi registrada expansão de 67,8% em relação aos preços praticados em março. A alta é justificada pela redução da oferta e pelo crescimento da demanda.
A região Noroeste, que é a principal produtora de feijão de Minas, foi prejudicada pela escassez de chuvas em fevereiro e março, o que reduziu em cerca de 10% a segunda safra do ano. Além disso, a queda de preço observada durante a comercialização da primeira safra do grão incentivou a redução da área, restringindo ainda mais a oferta do produto. A tendência é de mercado firme para o feijão, uma vez que o aumento de área na terceira safra pode ser descartado devido à necessidade de irrigação.
Nos demais estados produtores, a CNA registrou estabilidade nos preços do feijão carioca e preto. Em Unaí, a saca foi comercializada, em média, a R$ 96,50, o que gerou incremento de 67,8% em relação a março. A sustentação dos preços do feijão carioca se deve à escassez de oferta. O mercado brasileiro continua sendo abastecido pela produção dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
De acordo com o extensionista agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão de Minas Gerais (Emater-MG) na unidade Unaí, Reinaldo da Silva Martins, os produtores estão animados com os preços pegos. Apesar das perdas registradas na cultura, o valor de mercado foi suficiente para cobrir os custos e gerar lucro.
A saca de 60 quilos chegou a ser comercializada na região de R$ 60, o preço mínimo estipulado pelo governo, a R$ 80, o que é suficiente para cobrir os custos de produção e gerar rentabilidade aos produtores. Nos tipos especiais os preços também estão atrativos. A cotação do carioca especial manteve durante quase todo o mês passado a média de R$ 117,50 por saca de 60 quilos. Somente nos últimos dias da segunda quinzena os preços médios do produto apresentaram variações, oscilando entre R$ 115 e R$ 120 por saca de 60 quilos.
Terceira safra - A segunda safra de feijão no Estado está em fase de fim da colheita e grande parte dos produtores já iniciou o plantio do terceiro ciclo produtivo. Para a terceira safra deverão ser cultivados cerca de 20.000 hectares. A área utilizada se manteve estável em relação à utilizada em 2010. A terceira safra é totalmente irrigada.
"O veranico que atingiu a cultura promoveu perdas em torno de 10% na produção do feijão. Com isso, os produtores, que vinham enfrentando preços ruins no mercado, conseguiram aumentar os valores e obter lucro. As expectativas em relação à terceira safra são positivas. A demanda alta e uma oferta estável do grão são os principais fatores que irão sustentar os preços do feijão", disse Martins.
Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de feijão em Minas Gerais apresentou alta de 6,8% na primeira safra, alcançando 213.600 toneladas. De acordo com a Conab, os principais estados produtores aumentaram as áreas de plantio devido aos bons preços obtidos na comercialização da safra passada, no Estado o aumento foi de 1,4% alcançando 189,4 mil hectares.
Na segunda safra os levantamentos preliminares apontaram para Minas Gerais uma redução da área plantada da ordem de 11,7% em relação à safra passada. A queda é justificada pelo baixo preço vigente durante a colheita do feijão da primeira safra e pela estiagem ocorrida no final de janeiro em algumas regiões, o que dificultou o cultivo por parte dos pequenos produtores. A produção deverá alcançar 178.200 toneladas, com recuo de 16,8% frente a igual período da safra passada.
A produção total de feijão no Estado, conforme a Conab, deve gerar 623.700 toneladas, com queda de 3,4% sobre a produção da safra 2009/10. A produtividade média das safras gira em torno de 1.497 toneladas por hectare. A área total terá recuo de 3,7%, chegando a 425.000 hectares. Minas Gerais é o segundo maior produtor do grão do país, ficando atrás apenas do Paraná.
A região Noroeste do Estado é a principal produtora do grão. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), na safra passada cerca de 45% do feijão produzido no Estado foram colhidos na região. A área ocupada gira em torno de 110.000 hectares, representando 26% do espaço destinado ao cultivo do feijão.
Veículo: Diário do Comércio - MG