O início da entressafra de leite já está se refletindo nos preços do produto em Minas Gerais. De acordo com os dados da Scot Consultoria, empresa especializada na avaliação do mercado do agronegócio, durante abril, o valor do litro de leite no mercado spot, aquele que é comercializado entre empresas, ficou cotado em R$ 0,95. A comparação feita com março mostra que os preços subiram 12,8% no Estado. Para o produtor o incremento foi de 2,97%, sendo o litro negociado a R$ 0,79. A tendência é de novas altas que deverão acontecer até julho.
Segundo o analista e zootecnista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho, além de Minas Gerais, a alta também foi registrada em São Paulo. Nos dois estados foram verificados negócios em até R$ 1 por litro de leite. A queda na captação em Minas ficou entre 4% e 5%.
"Os preços praticados em abril tanto entre as empresas como junto aos produtores mostra que a tendência é de um mercado concorrido. A expectativa é que com a diminuição da produção, devido à entressafra, os preços continuem subindo até julho", disse Ribeiro.
O aumento dos preços do leite também foi registrado no levantamento elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo os dados da entidade, na maioria das regiões analisadas, o preço médio do leite pago ao produtor aumentou, em média, 2,5% em abril, em relação ao mês anterior e 12,45% quando comparado com o mesmo período no ano passado, quando os preços ficaram em torno de R$ 0,68 por litro.
Os custos da atividade leiteira em Minas vêm crescendo devido às altas cotações dos preços dos grãos
Clima - A maior alta foi registrada em Minas Gerais, com variação de 4,38%, em relação a março. Em Goiás, a alta foi de 3,07%, porém, no Paraná o preço recuou 0,24%. No contexto geral, os preços subiram devido à redução de 2,6% na captação de leite em março na comparação com fevereiro.
A redução da oferta tem como principais fatores as adversidades climáticas que prejudicaram a produção e o escoamento do produto, o final da safra nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e o aumento dos custos de produção, em virtude da alta das cotações de grãos, que elevaram os gastos com alimentação concentrada.
De acordo com Ribeiro, mesmo com o aumento significativo registrado em abril, os produtores ainda trabalham com a renda comprometida. Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o principal motivo é a valorização do concentrado, item de elevada participação no total dos custos, constituído principalmente de milho e farelo de soja.
Somente o milho teve média de R$ 29,44 por saca de 60 quilos em abril, 65% maior que em igual mês do ano passado. Já no caso do farelo, o aumento no mesmo período foi de 20%, com a tonelada avaliada em R$ 597,77 em abril de 2011.
"O produtor precisa planejar bem os gastos ao longo dos próximos meses. Com a chegada do período seco, a oferta de pastagem é reduzida o que obriga a utilização de concentrado. O ideal é que ele busque alternativas para alimentar o gado", disse Ribeiro.
Com o aumento dos custos com a alimentação do rebanho, a estimativa é de alta mais expressiva nos próximos meses. A tendência, segundo a avaliação de Ribeiro, é que o produtor reduza também o volume ofertado a cada animal, o que irá interferir ainda mais no nível de produtividade. A variação significativa registrada ao longo de abril obrigou as empresas a repassarem parte dos custos para o consumidor.
Veículo: Diário do Comércio - MG