Gaúchos ameaçam parar entrega de leite no Estado

Leia em 2min 30s

Cerca de 15 milhões de litros de leite deixarão de ser entregues pelos produtores gaúchos às indústrias, como forma de regular os preços do produto no varejo, considerado muito abaixo da média pelo setor. O volume equivale a 6% do total de leite fornecido ao mês e promete causar transtornos, com interrupção das atividades de algumas indústrias e até mesmo desabastecimento. "Já que os supermercados justificam a baixa dos preços pelo excedente, vamos diminuir esse volume para ver se os valores sobem um pouco", afirma o presidente do Conseleite e da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues.

 

O dirigente explicou que não se trata de um boicote à indústria, mas de um acordo da cadeia produtiva, no sentido de equacionar os baixos preços dos produtos finais que chegam às gôndolas dos supermercados. Rodrigues admite que a medida é radical, mas destaca que não há outra alternativa diante da afirmação do varejo de que "tem produto demais no mercado". "Os supermercados estão usando o leite como boi de piranha para atrair os consumidores com preços aviltantes, em muitos casos praticando dumping ao vender abaixo do preço de custo", afirmou.

 

Os preços no varejo ficam na média de R$ 1,26. Rodrigues pondera que o ideal seria fixar em R$ 1,50 o litro de leite UHT. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, disse que os preços derivam de uma situação de mercado, com a oferta e a procura desreguladas. "O consumo baixou e, além disso, tem sobrado leite no mercado gaúcho em função de um boicote ao produto por parte do Paraná e de São Paulo por problemas tributários", destacou. O dirigente argumenta que não é justo prejudicar os consumidores em um cenário de excedente, sendo impraticável aumentar os preços. Sobre a prática de dumping ele disse ser possível, mas apenas em alguns casos isolados.

 

O secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini, afirma que a indústria apóia a decisão dos produtores, apesar dos possíveis transtornos que possa causar, com a possibilidade de liberação de funcionários de algumas unidades que operam 24h por dia. O assessor de Políticas Agrícolas da Fetag, Airton Hochscheid, lembra que o protesto se deve também à diferença de preços praticados pela indústria, que em alguns casos paga R$ 0,20 e em outros até R$ 0,60 pelo litro. De acordo com Palharini, os preços diferenciados se devem à variação dos custos de frete e pela quantidade de gordura do leite. A proposta sobre a suspensão do fornecimento de leite foi apresentada essa semana, durante reunião do setor produtivo e ainda aguarda definição de data para ocorrer. "Foi encaminhada para análise pelo colegiado do Sindilat e Fetag, mas deve ocorrer ainda em outubro."

 

Veículo: Jornal do Comércio - RS


Veja também

Laticínios e pecuaristas em pé de guerra no RS

A queda dos preços do leite nos últimos meses acirrou os ânimos entre produtores e indústria ...

Veja mais
Aymoré ampliará mix de produtos em MG

A indústria de biscoitos Aymoré, pertencente ao grupo Arcor, com sede em Contagem, na Região Metrop...

Veja mais
Tempos modernos: compras de supermercado são cada vez mais rápidas

A rotina das pessoas faz com que cada vez mais se tenha pressa e se faça tudo correndo. Até mesmo as compr...

Veja mais
Crise afetará resultado dos supermercados no Estado MG

O setor supermercadista mineiro prevê retração no segmento em 2009. Os investimentos na área ...

Veja mais
Oportunidade de negócios

Produtores de morango de Bom Repouso (MG) aumentam o controle de qualidade e diminuem o uso de agrotóxico para co...

Veja mais
Onda de invasão de produtos da China pode voltar

A concorrência no mercado internacional deverá tornar-se ainda mais acirrada com a provável redu&cce...

Veja mais
Preço do leite começa a cair em BH

O período de safra começa a derrubar o preço do leite. Segundo o diretor-executivo do site de pesqu...

Veja mais
Supermercados mineiros vão investir R$ 50 milhões a menos em 2009

O crédito mais caro e escasso nos bancos forçou os supermercados a reverem investimentos e a cortarem plan...

Veja mais
MG: Ceasa - crise ainda não afetou preços

Entreposto registrou queda nos preços de 1,1% na relação de 45 produtos. A crise financeira int...

Veja mais