A Vicunha Têxtil admitiu ao Valor ter registrado prejuízo de R$ 30 milhões em 30 de setembro último com transações de derivativos - posições vendidas em dólar - que já foi provisionado, segundo fonte da empresa. O mercado diz que os prejuízos são maiores, no entanto.
Neste momento, segundo fonte da empresa, a Vicunha Têxtil está negociando com os bancos sua posição em derivativos. Segundo o Valor apurou, têm esse tipo de contrato com a empresa bancos como o Citi e, principalmente, a Merrill Lynch.
Na sexta-feira última, a Vicunha Têxtil informou ao mercado que seu conselho de administração havia ratificado o acordo fechado por sua diretoria com a Merrill Lynch para zerar suas operações com derivativos, optando por antecipar a liquidação dos contratos.
No comunicado, a fabricante têxtil enfatizava que a diretoria estava proibida de fechar novas operações com derivativos no mercado financeiro com a Merrill Lynch ou qualquer outro banco, por causa de mudanças no controle acionário da Merrill Lynch (que foi vendida para o Bank of America) e incertezas crescentes no mercado internacional financeiro decorrentes da falência do Lehman Brothers no dia 15 de setembro.
Segundo o comunicado da empresa, o conselho de administração referendou o acordo feito pela diretoria com o Banco Merrill Lynch de Investimentos, conforme carta enviada pela Merrill Lynch no dia 12 de setembro de 2008, "para declarar o vencimento antecipado de operações de derivativos objeto de Confirmação de 24.07.2008, com os ajustes zerados". Mas a empresa ainda tem posições em aberto, que estão sendo negociadas agora.
No dia 12 de setembro, a Vicunha Têxtil havia trocado sua diretora com relações com investidores, Ana Elwing. No seu lugar, foi nomeado Reinaldo José Kroger. Procurada, Ana Elwing afirmou que não podia comentar nada a respeito sobre as perdas da Vicunha com derivativos.
Também já admitiram perdas com posições vendidas em dólar em meio à maxidesvalorização do real a Aracruz, a Sadia, a Votorantim e a Embraer.
Veículo: Valor Econômico