Anfavea pede para adiar início da instalação dos rastreadores

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Assim como a adoção do diesel mais limpo, a instalação de rastreadores nos carros produzidos no Brasil vai ter de esperar um pouco. O cumprimento da resolução 245 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 27 de julho do ano passado, poderá sofrer alterações nos próximos dias a pedido das montadoras. O pleito das indústrias consiste, basicamente, em um processo gradual de instalação de rastreadores nos veículos produzidos a partir de agosto de 2009, e não em toda a frota como está estabelecido no texto original da resolução. 

 

"A idéia das montadoras é iniciar a produção com rastreadores nos veículos de maior valor", disse uma fonte que participa das reuniões do Contran. Segundo ela, a proposta das montadoras é de que em agosto do ano que vem sejam instalados os rastreadores em apenas 20% dos veículos produzidos. Depois, em janeiro de 2010, o percentual de automóveis equipados passaria para 40% de toda a produção, sendo elevado gradualmente até agosto de 2010, quando todos sairiam de fábrica com o dispositivo. 

 

No texto da resolução 245, consta que "todos os veículos novos, saídos de fábrica, produzidos no país ou importados a partir de 24 meses da data da publicação da medida, somente poderão ser comercializados quando equipados com dispositivo antifurto". Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que não iria se pronunciar até que houvesse uma decisão oficial por parte do governo federal. 

 

Já o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, ter recebido o pleito das montadoras e que já foi encaminhado ao Contran para análise. 

 

Na opinião de Yaron Littan, presidente da Ituran no Brasil, o prazo dado às montadoras foi relativamente curto, por isso pode ser que o pedido seja atendido pelo governo. Mas segundo ele, isso não inviabilizaria o cumprimento da resolução mesmo que em um prazo maior. 

 

Além da questão do cronograma de implementação, as principais dúvidas em relação à medida dizem respeito às configurações do equipamento, sua homologação, local de instalação e a relação entre os prestadores de serviço e as operadoras de telefonia móvel. 

 

Conforme a resolução, a certificação fica por conta do Denatran e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

 

Mas mesmo com as indefinições e a possibilidade de uma instalação gradual, a exigência estabelecida pelo Contran já movimenta o planejamento para o ano que vem de prestadores de serviços, fabricantes de autopeças, seguradoras e montadoras. A agitação é justificada pelo potencial de expansão do número de veículos rastreados no país, hoje estimado entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de unidades. 

 

Os primeiros protótipos estão sendo testados nas montadoras e alguns contratos com fornecedores foram firmados. A Magneti Marelli, por exemplo, informa ter ao menos 1 milhão de rastreadores negociados com as principais fabricantes de veículos do país. Já a Delphi diz que não vai participar da primeira etapa, pois considera que o modelo de rastreador via satélite deverá substituir em pouco tempo o modelo com tecnologia GSM (adotado pelo Contran). 

 

A Continental Brasil Indústria Automotiva acena com uma ampliação de capacidade de produção dos dispositivos no ano que vem, podendo chegar a 3 milhões de unidades anuais. Outras empresas fornecedoras de equipamentos, como a Kostal, Positron Rastreadores e Johnson Controls também estão em negociações com as montadoras. 

 

Segundo Ricardo Takahira, gerente de novos produtos da Magneti Marelli, a princípio os primeiros dispositivos antifurto serão instalados nos painéis dos veículos. "A idéia é que seja colocado na parte plástica do cockpit, pois é preciso ter sinal de telefonia", afirmou. Para ele, a instalação em uma parte vital do automóvel, como o motor, demandaria mais tempo para testes e homologação das peças, mas é a forma mais segura de evitar violações no equipamento. 

 

Assim como os fabricantes de autopeças, seguradoras e prestadoras de serviços também estão se preparando para um aumento substancial do mercado. "Aplicamos neste ano cerca de R$ 5 milhões em servidores, equipamentos e funcionários", declarou Littan, da Ituran, que possui 170 mil clientes no país. A Car System, também prestadora de serviços de monitoramento, imagina que possa chegar a 500 mil assinantes quando todos os veículos saírem com o rastreador. Hoje, a companhia possui 170 mil clientes. 

 

No caso das seguradoras, há pelo menos três anos o rastreador já faz parte do cotidiano das empresas. Em determinados casos, de acordo com a região onde o segurado transita e reside, as companhias só aceitam fazer a apólice se houver um rastreador no veículo. Elcio Fernandes Vicentin, superintendente da Car System, informa que empresas de monitoramento têm sido sondadas por seguradoras para que sejam firmadas parcerias, já que o dispositivo antifurto depende da autorização do proprietário do veículo para ser habilitado. 

 

Alguns modelos de rastreadores, conforme a configuração, poderão informar se o condutor avançou em semáforos fechados, se dirige acima do limite de velocidade e até se no local onde ele se encontra está chovendo. 

 

Veículo: Valor Econômico


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