Shoppings mantêm confiança, apesar dos juros

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Novata na bolsa de valores e dona de dez shoppings centers no Brasil, a Sonae Sierra não se abalou com a quarta alta consecutiva na taxa básica de juros do país. "Uma coisa que aprendi no Brasil é que as pessoas tendem a pensar muito mais em quanto a prestação cabe no orçamento mensal do que na taxa de juros", afirma José Baeta Tomás, presidente do grupo europeu Sonae Sierra, que controla a empresa brasileira juntamente com a americana Developers Diversified Realty (DDR).

 

As classes B e C, que têm o consumo acelerado no alvo das medidas restritivas do governo, fazem parte do público da Sonae Sierra, proprietária, por exemplo, dos shoppings Campo Limpo e Parque D.Pedro, no Estado de São Paulo, e Pátio Brasil, em Brasília. Para Tomás, o varejo vai conseguir encontrar mecanismos criativos para que o valor do produto não deixe de "encaixar no orçamento" dessas famílias, como um maior número de parcelas.

 

O executivo garante que, em contraste com a Europa, onde o grupo vive em um contexto de crise do consumo, os shoppings da rede não sentem qualquer desaceleração no Brasil. "Não estou menos otimista do que no início do ano", afirmou.

 

Estimativa do setor é crescer 9% este ano, percentual muito próximo do alcançado no ano passado

 

As perspectivas da Sonae Sierra estão em linha com o setor que, mesmo depois do novo avanço na Selic, manteve a estimativa de crescimento nominal de 9% nas vendas para este ano, muito próxima ao avanço de 10% em 2010. A projeção pode ser revisada no meio do ano, mas o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, é otimista. "Pelas reuniões mensais que fazemos com 70 empresários, a tendência é de crescimento e não de diminuição da projeção", disse.

 

Em conversa com jornalistas na Brasilshop - feira do setor de shopping centers realizada nesta semana em São Paulo - Nabil afirmou que o grupo tem boas perspectivas para o segundo semestre do ano. "Nosso setor tem feito investimentos extremamente arrojados, muitas lojas de varejo têm feito IPOs e estão com caixa para investir", considerou, exemplificando com as aberturas de capital recentes de Lojas Marisa e Magazine Luiza.

 

"Os shoppings têm se consolidado como os que menos sofrem e os que mais rapidamente reagem às retrações. Nós temos uma blindagem maior", considera Eduardo Oltramari, superintendente do shopping Total, instalado em Porto Alegre e voltado para segmentos mais baixos de renda. Para ele, o impacto da alta nos juros no consumo até pode ser sentido no futuro, mas será combatido com promoções no varejo.

 

Para a Sonae Sierra, o varejo encontrará formas de manter o consumo, como elevar o número de parcelas

 

Segundo o diretor do Ibope Inteligência, Antônio Carlos Ruótolo, o setor não chega a estar blindado, mas os efeitos da política monetária são mais de longo prazo. "Os shoppings tendem a atrair mais as classes A, B e C1, que dependem menos do crédito", diz. Segundo ele, os reflexos devem ser mais rápidos sobre o varejo de rua, enquanto o efeito sobre shopping centers, caso haja, não deve ser observado antes de um ano.

 

Ruótolo, que presta consultoria a shoppings, afirma que a vacância nesses empreendimentos é quase nula atualmente e que os varejistas estão à procura de novos locais para se instalar. Segundo ele, não há mais muito espaço para grandes unidades, mas há sim mercado para o que chama de shoppings comunitários. Seriam centros relativamente pequenos, de 10 mil a 15 mil metros quadrados de área de varejo, com cinema e um supermercado.

 

Na opinião de Rótulo, os shoppings comunitários são uma solução para as grandes capitais, que não têm grandes extensões de terrenos disponíveis. "A verticalização é cara e o consumidor não gosta de ter que subir muitas escadas", afirma. As unidades atenderiam aos bairros próximos e ao fluxo de passagem.

 


Veículo: Valor Econômico


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