A volta dos outlets ao Brasil

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Pelo menos cinco novos shoppings de liquidação serão abertos até 2013. Desta vez, sem os erros do passado

 

Sucesso nos Estados Unidos e na Europa, os outlets - shoppings de liquidações onde as grifes desovam coleções passadas - têm pouco prestígio no Brasil. Até pouco tempo, a palavra outlet era desconhecida dos consumidores e proibida entre investidores e varejistas: virou sinônimo de mico no País na década de 90 depois de uma sequência de experiências mal sucedidas que levou esses empreendimentos a fecharem as portas ou a se renderem ao modelo de shopping convencional. Passada a ressaca, os outlets ensaiam uma volta ao mercado brasileiro.

 

O pioneiro dessa segunda fase foi inaugurado em junho de 2009, às margens da Rodovia dos Bandeirantes, entre São Paulo e Campinas. Nos fins de semana e feriados, chega a receber caravanas de consumidores vindos do interior do Estado atrás de "barganhas" como uma camisa polo da Tommy Hilfiger por R$ 159 (custa R$ 230 numa loja regular) ou calças jeans da Levi"s por R$ 99.

 

Com um mix de grifes nacionais e internacionais, o Premium Outlet já é considerado um case de sucesso pelo mercado e terá seu modelo reproduzido pelo País. Há pelo menos cinco lançamentos previstos para os próximos dois anos em São Paulo, Brasília e no Rio Grande do Sul.

 

A General Shopping, responsável pelo projeto do Outlet Premium São Paulo, anunciou recentemente um novo empreendimento em Alexânia, cidade que fica a 50 minutos de Brasília e a 1 hora de Goiânia. O centro de compras vai concorrer com o outlet da novata Vértico, empresa paulista criada há dois anos para desenvolver shoppings convencionais, mas que também resolveu se render aos outlets. A empresa já começou a comercializar as lojas do empreendimento, que será instalado na Cidade Ocidental, a uma hora de Brasília.

 

Depois de ter acompanhado de perto o insucesso dos outlets brasileiros na década de 90, a consultoria internacional de mercado imobiliário Jones Lang LaSalle também decidiu dar uma segunda chance a esse modelo de negócio: está desenvolvendo um outlet em Novo Hamburgo, no caminho para a serra gaúcha e outro no km 46 da rodovia Castelo Branco, em São Paulo. A 14 km desse terreno, a JHSF, dona do shopping Cidade Jardim, prepara o lançamento do Catarina Fashion Outlet.

 

Até a EcoRodovias, empresa que administra estradas como a Imigrantes, Anchieta e Ayrton Senna, vem estudando a implantação de outlets ao longo da malha rodoviária, segundo investidores do setor. A concessionária não quis comentar o assunto.

 

"O interesse por esse tipo de investimento é generalizado", diz André Costa, diretor de locação da Jones Lang LaSalle. "Ao contrário do que aconteceu na década de 90, o momento é propício para os outlets." A situação econômica do País é o pano de fundo desse cenário. Além de consumidores dispostos a gastar, o fortalecimento do varejo e a abertura de novas lojas fez com que os fabricantes precisassem de outro meio para vender as sobras, já que os bazares temporários e as liquidações nas lojas próprias tornaram-se insuficientes.

 

Localização. Na primeira fase dos outlets, com inflação e juros altos, os lojistas brasileiros aprenderam a trabalhar com pouco estoque. Por isso, poucos se interessaram a entrar no novo negócio. Além disso, os primeiros outlets do País estavam localizados dentro dos grandes centros urbanos, muito perto dos shoppings convencionais - um erro estratégico, já que as lojas de liquidação poderiam canibalizar a operação principal das marcas. Resultado: aqueles outlets atraíram apenas fabricantes inexpressivos, que não tinham condições de estar nos grandes centros de compra. O Shopping D, localizado na Marginal do Tietê em São Paulo, por exemplo, nasceu com a intenção de ser um outlet, mas teve de se converter.

 

"O que leva o cliente a um outlet é o desconto. E tudo no empreendimento tem de ser planejado com esse fim ", afirma Alexandre Dias, diretor de Marketing e Varejo da General Shopping. Os primeiros projetos no Brasil não levaram isso em conta e foram desenvolvidos com o porte de shoppings tradicionais, com direito a mármore, elevadores, escadas rolantes e ar condicionado.

 

Os novos outlets seguem à risca o certeiro modelo americano: estão localizados nos arredores das metrópoles, onde o terreno é mais barato; são horizontais e abertos para evitar custos de manutenção e reduzir o valor do aluguel. "As marcas internacionais foram muito mais receptivas do que as brasileiras, que no início duvidaram do projeto", diz Dias.

 

A Calvin Klein, presença certa nos outlets americanos, foi uma das primeiras a se instalar no de São Paulo. "Os produtos que marcam muito uma coleção vão direto para o outlet; os mais básicos são liquidados primeiro nas lojas convencionais", explica Fábio Vasconcelos, diretor comercial da marca. O outlet já é a terceira loja mais rentável da Calvin Klein - em alguns épocas do ano chega a faturar mais que a unidade do Shopping Iguatemi.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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