A indústria nacional têxtil e de confecção está otimista e espera um crescimento na casa de 8%, o que elevaria o faturamento dos US$ 52 bilhões registrados no ano passado para US$ 56 bilhões até o final de 2011.
Para Rafael Cervone, diretor Executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, o Produto Interno Bruto (PIB) deve baixar a um patamar mais real do que os 7,5% registrados em 2010. Mas o crescimento do setor deve superar esse desempenho, como ocorreu no ano passado, quando cresceu 10%. O segmento ainda será beneficiado pelos preços do algodão, que este ano não estão mantendo a forte alta internacional registrada no ano passado.
"No entanto, estamos tendo de lidar com o esfriamento do mercado norte-americano e europeu, o que fez a China aumentar o escoamento de sua produção para outros mercados, aumentando sua participação em nosso País", complementa.
Segundo o executivo, o setor é o segundo que mais emprega no Brasil, com 1,65 milhão de empregos diretos e até 8 milhões de postos indiretos. Cerca de 75% da mão de obra é formada por mulheres, sendo que 50% delas são chefes de família.
"Apesar dos efeitos da crise financeira internacional, os negócios entre países dentro do setor devem subir, em 10 anos, dos atuais US$ 600 bilhões para cerca de US$ 800 bilhões", revela.
Investimentos
Conforme a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), os investimentos na produção devem ficar pouco acima da média de US$ 1 bilhão dos últimos três anos, em 2011, tendência que se confirma mesmo com a expectativa de aumento do déficit da balança comercial brasileira para US$ 5,5 bilhões e as dificuldades enfrentadas com a concorrência dos importados e alta carga tributária, conforme Rafael Cervone.
Ele conclui ser preciso estudar como fazer o caminho contrário e vender os produtos industrializados ao mercado asiático, principalmente na China.
Para Gustavo Rosset, diretor-geral da Rosset Têxtil do Brasil, que produz para os setores de lingerie, fitness e moda praia, o crescimento do setor deve ficar em 10%. "As vendas de lingerie acabam puxando o bom desempenho das indústrias, ainda mais com ascensão da classe C", diz.
Por outro lado, o executivo alerta quanto à importação de até 30% de produtos têxteis pelos grandes magazines brasileiros, o que é muito prejudicial ao setor.
Segundo o executivo, a empresa possui duas tecelagens e a estamparia Salete no território nacional, que representam também as marcas Doutex, Cia Marítima e Valisere, nas quais trabalham 3 mil colaboradores.
"Além disso, desde setembro de 2010 até agora inauguramos 11 lojas de varejo de lingeries através da marca Valisere", acrescenta.
A Rhodia, presente no segmento têxtil brasileiro através de suas plantas em Jacareí e Santo André, além de um centro produtor de matérias-primas em Paulínia, todas no Estado de São Paulo, aposta em tecnologia para se manter bem posicionada.
"Com o objetivo de ampliar a produção de microfibras e fios inteligentes, atualmente de 25 mil toneladas por ano, entraram em funcionamento no terceiro trimestre, máquinas com tecnologia japonesa onde foram investidos US$ 10 milhões", diz Elizabeth Haidar, diretora de Marketing da Rhodia. Para a diretora, o mercado global está voltado aos países emergentes, que tiveram um aumento de 50% em vendas nos últimos dois anos.
Salão Moda Brasil
Segundo Ana Flores, diretora da New Age, organizadora do Salão Moda Brasil, neste ano a expectativa é que o evento movimente cerca de R$ 350 milhões em negócios.
O salão terá a participação de 320 marcas e deve ser visitado por cerca de 30 mil lojistas vindos de todas as partes do mundo, 25% a mais que em 2010.
Ronald Masijah, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do estado de São Paulo (Sindivestuário), diz que o evento tem papel fundamental em divulgar a produção nacional.
Segundo Masijah, o segmento têxtil e o de vestuário movimentam juntos cerca de US$ 80 bilhões por ano, e são responsáveis por uma produção da ordem de 6,5 bilhões de peças.
Veículo: DCI