Os pecuaristas de leite de Minas Gerais receberam valor 2,5% superior pelo produto em junho, segundo os dados da Scot Consultoria. A alta foi provocada pelo período de entressafra e pela queda expressiva das temperaturas. A valorização do leite já foi repassada ao mercado e está contribuindo para a inibição do consumo e, conseqüentemente, para uma tendência de estabilização ou queda dos preços pagos ao produtor em pleno período de entressafra.
De acordo com o levantamento da Scot Consultoria, mesmo com a tendência de redução no nível de captação do produto no próximo mês, em Minas Gerais os preços pagos aos produtores pelo leite in natura deverão ficar estáveis em julho e apresentar novas quedas em agosto, devido ao inicio da safra na região Sul do país.
Outro fator que poderá contribuir para a queda nos valores do leite é o aumento das importações, principalmente provenientes da Argentina e Uruguai. No caso da Argentina, representantes do setor leiteiro estão buscando acordo com o país vizinho para limitar o ingresso do produto no mercado brasileiro e definir os preços do produto.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), em 2010 o Brasil importou US$ 173 milhões em leite em pó. No acumulado até maio deste ano este valor chegou a US$ 146 milhões. Na avaliação da Scot, se as importações continuarem nesse ritmo, até o final de julho superaremos o total importado no ano passado. As principais origens do produto são: a Argentina (55,8% do total), o Uruguai (39%) e o Chile (5,2%).
Alta - Segundo o zootecnista e consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho, a média de preços calculada para junho apontou que o produto no Estado está com alta acumulada de 2,5% nos valores se comparado com maio de 2011. O litro de leite para o produtor está avaliado a R$ 0,853. A produção no Estado segue sentindo os efeitos do frio e da alimentação mais cara, a estimativa aponta que a captação ficou cerca de 10% menor em junho.
"Apesar da alta registrada em junho, a tendência é que no curto prazo os preços fiquem estáveis tendendo à queda. O que percebemos é que o aumento dos preços com o início da entressafra já chegou à ponta final da cadeia e o consumidor está reduzindo o nível de compras. Além disso, existem os problemas de importação de leite e o início da safra no Sul do país onde já observamos uma oferta maior, ainda que ligeiramente. Todos esses fatores devem mexer com o mercado em curto prazo", disse Lima Filho.
Mesmo com o aumento dos preços do leite registrados em Minas ao longo de junho, o produtor mineiro está com grande parte da renda comprometida com o aumento dos preços da alimentação do rebanho. Além da redução das pastagens, os valores da ração e dos suprimentos estão mais elevados devido à oferta limitada de grãos no mercado mundial.
Veículo: Diário do Comércio - MG