Custos anulam rentabilidade

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A tendência para os próximos meses é de mercado firme para o leite, mantendo, assim, os preços em alta

 

Os preços pagos pelo litro do leite em Minas Gerais voltaram a apresentar alta ao longo de julho, porém os ganhos dos produtores continuaram comprometidos com o aumento dos custos, puxados principalmente pela alimentação. De acordo com a Scot Consultoria, empresa especializada em análise do agronegócio, em julho os preços médios aumentaram 1% no Estado. O incremento é justificado pela queda de pelo menos 5% na captação.

 

De acordo com o zootecnista e consultor da Scot Rafael Ribeiro de Lima Filho, a tendência para os próximos meses é de mercado firme, com possibilidades de redução mais significativa na captação e picos nos preços do leite. O cenário favorável para a valorização do produto deve ser mantido até o final de setembro.

 

"Além dos custos altos com a alimentação do rebanho, o que limita os investimentos, o período mais seco favorece a redução da produtividade. Na situação atual, onde a renda do produtor está mais comprometida devido ao encarecimento da atividade, o pecuarista de leite precisa ficar atento à gestão dos negócios e dos recursos para conseguir administrar melhor os custos e obter lucro com a atividade", aconselha Ribeiro.

 

De acordo com o levantamento da Scolt Consultoria, em Minas Gerais o preço do leite subiu 1% no pagamento de julho, referente à produção de junho. O produtor mineiro recebeu, em média, R$ 0,861 por litro. Em Belo Horizonte e Governador Valadares (Vale do Rio Doce), os valores máximos chegaram a R$ 1,01 por litro. Na região Sul do Estado o valor médio do litro foi de R$ 0,94 e na Norte, de R$ 0,93.

 

"Para o próximo pagamento, a ser realizado em meados de agosto, a expectativa é de mercado firme. Reajustes no preço do leite ao produtor não estão descartados em Minas Gerais, São Paulo e parte de Goiás. A alta vai ser alavancada pela redução da oferta e a demanda crescente pelo produto", disse.

 

Cepea - A alta de preços em Minas também foi observada pelos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Segundo os dados do Boletim do Leite, o valor pago aos pecuaristas do Estado pelo litro do produto encerrou o mês passado com valorização de 0,4% e preços médios de R$ 0,87.

 

A maior evolução nos valores foi observada nas regiões Sul e Sudoeste, com elevação de 3,29% e valor de R$ 0,80 por litro. O valor pago na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) também teve incremento significativo, 3,26%, com o litro de leite avaliado a R$ 0,83. No Vale do Rio Doce e Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba a alta foi menos expressiva, de 1,73% e 1,29%, respectivamente.

 

Ainda segundo Ribeiro, a elevação dos preços pagos pela produção de junho ficou abaixo da média registrada nos custos ao longo do mesmo período. A manutenção dos preços valorizados da soja, trigo, caroço de algodão e do milho está comprometendo os ganhos dos pecuaristas de leite no Estado.

 

Embrapa - De acordo com o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), foi registrada, em junho, alta de 1,32% nos custos de produção.

 

Somente o segmento de concentrado encerrou o período com elevação de 2,7% - o grupo é o que tem maior representatividade na formação dos custos. No acumulado dos últimos 12 meses, a pecuária leiteira em Minas Gerais acumulou incremento de 19,5% nos custos de produção, enquanto o preço pago ao produtor ficou em média 12% maior.

 

Segundo boletim da Embrapa, a situação do produtor é desfavorável e a tendência é que o nível de captação entre agosto e setembro sofra novas quedas, o que poderá impulsionar os preços. Em julho, o órgão avaliou as diversas localidades do Estado observando recuos na produção que variaram de 5% a 10%, dependendo da região e dos recursos aplicados nos processos produtivos.

 

Segundo os técnicos da Embrapa, a recuperação da renda do produtor deverá ocorrer somente com a retomada das chuvas e a recomposição das pastagens, o que dispensa a utilização de ração na alimentação dos animais.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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