Simplesmente brilhante

Leia em 4min 50s

Os pequeninos LEDs invadem o mundo da decoração. Apaixonado por eles, o VP da Philips Lighting, Rogier van der Heide, decreta a morte das luzes incandescentes

 

A tarde se vai e a noite se aproxima lentamente. De repente, a morna luz de um pôr do sol invade a sala de estar. No entanto, lá fora, o céu está cinzento e o dia é um típico cenário de inverno. Como isso é possível? A resposta é “LED”, sigla em inglês para Diodos Emissores de Luz. Parece mágica, mas as possibilidades de iluminação, seja pelas cores, seja pela intensidade da luz, que os LEDs proporcionam são quase infinitas. E reais. Essa particularidade faz das luminárias equipadas com essas lâmpadas diminutas as vedetes de sofisticados projetos de decoração de interiores e também exteriores.  No Brasil, monumentos arquitetônicos, como a Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira e a Sala São Paulo, ambas na capital paulista, ganharam o brilho da tecnologia.

 

Atenta a essa capacidade, a gigante holandesa Philips se prepara para abandonar a produção e venda das lâmpadas incandescentes, substituindo-as pelos pequeninos diodos, que, além de versáteis, ainda têm a vantagem de serem mais econômicos e longevos que as lâmpadas comuns. Duram até 25 anos e a economia de energia pode chegar a 80%, em relação às incandescentes. “As pessoas querem, ao mesmo tempo, economia e se sentir confortáveis em suas casas. Os LEDs coloridos agem para garantir esse desejo e percepção”, afirma o holandês Rogier van der Heide, vice-presidente e chief designer officer (CDO) da Philips Lighting, a divisão de iluminação do grupo baseado em Amsterdã. Segundo o executivo, a cor âmbar (entre o laranja e o amarelo), por exemplo, é a mais indicada para relaxar. “É o matiz que mais se aproxima da cor do pôr do sol, momento do dia no qual a maioria das pessoas começa a se livrar do estresse diário”, diz ele. Já as luzes brilhantes e brancas são boas para os escritórios, pois estimulam o cérebro. 

 

O designer, nascido em Bennebroek, oeste da Holanda, tornou-se, após 20 anos desenvolvendo projetos de arquitetura de luz,  um expert e um apaixonado pelo efeito da iluminação no dia a dia das pessoas. Sejam elas físicas ou jurídicas. Um de seus últimos trabalhos autorais, a instalação com cristais Dream Clouds, encomendada pela austríaca Swarovski, foi um dos responsáveis por sua contratação pela Philips. A companhia escolheu manter um CDO na sua divisão de iluminação para ter a certeza de atender o exigente mercado consumidor de projetos e luminárias, que custam cerca de R$ 1.000. Além de van der Heide, a Philips emprega mais de 300 especialistas, entre designers e arquitetos, espalhados por suas fábricas na Holanda, China, em Hong Kong e nos Estados Unidos, com a preocupação de desenvolver soluções em LED. Por ano, é investido cerca de US$ 1,6 bilhão em pesquisas nessa área.
 


“Um grande benefício que o LED trouxe à iluminação foi o dinamismo, uma vez que é um sistema eletrônico, e não uma única lâmpada”, diz a arquiteta carioca Mônica Lobo, do escritório LD Studio, do Rio de Janeiro, há 20 anos trabalhando como lighting designer. “Há uma grande flexibilidade nas formas e efeitos.”  Mônica explica, por exemplo, como a múltipla utilidade do sistema ajuda a constituir a iluminação de uma joalheria: “Usam-se as cores quentes, amarela ou vermelha, para iluminar peças de ouro, e luzes de cores frias, como a azulada, para os brilhantes.”
 


As cores são a grande aposta do mercado de luzes. De acordo com van der Heide, a Philips realiza constantes testes, inclusive com pacientes internados em hospitais. “Concluímos que a recuperação é mais rápida quando os doentes são estimulados com as cores certas”, afirma. “Nossa preocupação está em relacionar nossos produtos com LED aos benefícios da cromoterapia.” Ele destaca a nova  linha LivingColors, um dos primeiros produtos que ajudou a lançar na Philips. A luminária é dotada de uma lâmpada de LED,  que muda de cor conforme o comando de um controle remoto. “Em casa tenho quatro dessas e vivo com os controles nas mãos, criando os mais diferentes ambientes”, diz o designer. “Nem preciso mais de tinta para mudar a cor das paredes.”
 


Ele também participou da criação dos produtos da linha Aqualight, pequenas luminárias que imitam velas e são colocadas sobre superfícies com água (como no destaque acima). “São o meu xodó. Podem ser colocadas na piscina ou na banheira” afirma van der Heide. Apesar de ainda incipiente, o mercado já oferece um número apreciável de opções com LED. “Desenvolvemos a Vision LED com a intenção de torná-la  nossa lâmpada universal, uma vez que é possível utilizá-la no bocal dos spots e luminárias já existentes”, diz o holandês. Atualmente, os sistemas com LED respondem por 10% do mercado de iluminação brasileiro, mas a Philips estima que, até 2020, essa  participação atinja 75%.
 


Segundo dados da companhia, o segmento de iluminação profissional e residencial em LED cresceu 300%, nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. “Trata-se da fonte luminosa do futuro”, diz Gabriela Andrade, arquiteta do escritório paulistano Fernanda Marques Associados. A despeito dos benefícios, a iluminação com LED ainda é cara. Uma lâmpada de diodo custa cerca de R$ 80 (contra cerca de R$ 1,60 da incandescente tradicional). A arquiteta Mônica Lobo alerta para a qualidade de versões baratas. “Em geral, não trazem os benefícios das produzidas pelas empresas de primeira linha, como economia energética e baixa emissão de calor. E a qualidade das cores costuma ser duvidosa”, afirma. 

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


Veja também

Preços de TVs de tela fina despencam, e consumo sobe

Avanço de novas tecnologias e crédito fácil ajudam a popularizar TVs de LCD, antes inacessív...

Veja mais
Sabor centenário

Prestes a completar 100 anos de existência, a Catupiry renova seu visual e amplia a linha de produtos. Tudo para s...

Veja mais
Banana-prata tipo exportação

Estudo feito pela Epamig e pela Unimontes pretende agregar à fruta condições para ser transportada ...

Veja mais
Famílias da classe D são bola da vez do comércio

Depois de a classe C conquistar seu mercado, tendo acesso a produtos e serviços dos quais não usufru&iacut...

Veja mais
Hypermarcas muda estrutura e adota plano defensivo

Grupo cria duas unidades com presidências separadas e pode desistir de vender marcas   A Hypermarcas, maior...

Veja mais
Grupo Onofre inicia venda on-line

Rede de drogarias promete entrega em 4 horas e desafia Americanas   Logística é um dos principais d...

Veja mais
Eletrônico nacional fica de fora da bonança

Mesmo com vendas em alta, sete fábricas da linha marrom foram fechadas nos últimos cinco anos   As ...

Veja mais
Próxima safra de algodão será maior e mais transgênica

Mesmo mais baixos, preços garantem boas margens em meio ao avanço da biotecnologia   Mesmo com pre&...

Veja mais
Despesas pressionam Magazine Luiza

Apesar da expansão nas vendas, a rede Magazine Luiza registrou redução no lucro líquido e na...

Veja mais