Com grande oferta, a bataticultura não traz rentabilidade para o produtor
Os produtores de batata do Sul de Minas Gerais voltaram a registrar prejuízos com a cultura. O aumento da oferta do produto é o principal fator que interferiu negativamente nos preços. Após o início da colheita da terceira safra, que aconteceu no final de julho, a saca de 50 quilos do tubérculo passou a ser comercializada em torno de R$ 18, o que representa recuo de 45% frente aos preços praticados anteriormente.
De acordo com o diretor executivo da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, o aumento da oferta do produto se deve ao maior investimento dos produtores na cultura, que foram impulsionados pelos bons preços praticados em igual período produtivo de 2010 e pelo clima favorável na região.
"No ano passado, os produtores que investiram na terceira safra conseguiram obter lucro significativo, já que no período a oferta estava menor que a demanda. A possibilidade de acumular ganhos incentivou os investimentos em 2011, porém o cenário é diferente e a oferta está maior que o consumo", observa Ribeiro.
Segundo ele, outro fator que ampliou a oferta foi a maior utilização da cultivar ágata. A semente possui alto nível produtivo, porém a batata tem restrições na culinária por ser considerada, geralmente, imprópria para fritura. Esse fator incentiva a população a consumir cada vez mais batata pré-frita, que além de mais prática tem valor competitivo no mercado.
"O aumento da renda da população tem incentivado, cada vez mais, o consumo de alimentos pré-prontos, o que reduz a demanda pelas batatas in natura. Por isso, é importante que os produtores invistam em cultivares nobres, para que além de ofertar batatas de alta qualidade para os consumidores finais, consiga atender a demanda das agroindústrias", disse Ribeiro.
Tendência - Ainda segundo Ribeiro, a tendência do segmento para os próximos anos é ampliar as negociações com as agroindústrias de batatas tipos chips, pré-fritas e palha. "Uma das principais vantagens é que os bataticultores, ao negociarem a safra antecipada, já são informados sobre o valor que irão receber pelo produto, o que evita prejuízos em períodos de alta produção", ressalta.
Durante a colheita da segunda safra de batata em Minas Gerais, que ficou cerca de 30% menor que a obtida em igual período de 2010, os preços se mantiveram em patamares rentáveis. A queda na produção foi provocada pelo excesso de chuvas registrado em março e a seca durante abril. No período foram colhidas no Sul de Minas cerca de 80 mil toneladas do produto.
Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no Sul de Minas Gerais, o preço médio pago ao produtor na segunda safra foi de R$ 35,27 por saca de 50 quilos, valor 25% superior ao mínimo, estimado em R$ 28,14.
O cenário verificado no Sul de Minas Gerais foi o melhor em relação às demais regiões produtoras do país. O resultado se deu pelo fato de a região ter concentrado a oferta entre os meses de maio e junho, quando o produto estava restrito no mercado, que ofereceu cotações a patamares mais altos.
No Sul de Minas, cerca de 20% da terceira safra do produto já foram colhidas. Atualmente o preço pago aos produtores pela saca de 50 quilos é de R$ 18, o valor é insuficiente para cobrir os custos de produção e gerar rentabilidade. Os custos variam entre R$ 20 e R$ 25 por saca de 50 quilos, dependendo do pacote tecnológico aplicado. Ao todo deverão ser produzidas 150 mil toneladas de batata.
Minas Gerais responde por 35% da produção nacional de batatas. O volume cultivado no Estado abastece principalmente os mercados de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e da região Nordeste. A produção é dividida em três safras. A primeira é colhida entre dezembro e março e é considerada a de menor custo por dispensar a irrigação. Nessa época, cerca de 90% dos produtores envolvidos são de pequeno porte.
A segunda e a terceira safras são mais caras e exigem sistemas de irrigação, a área plantada cai de 12 mil hectares, registrados na primeira safra, para 4 mil hectares e 5 mil hectares, respectivamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG