Sorveteria enfrenta o desafio de crescer sem perder a classe

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A Diletto, sofisticada fabricante de sorvetes italianos pretende manter sua identidade, segredo do sucesso da marca




No restaurante Fasano, as sobremesas do cardápio têm sorvetes da Diletto em suas receitas. Quem passeia pelo Shopping Cidade Jardim pode provar os gelados da marca enquanto confere vitrines de grandes grifes mundiais. A empresa também produz os únicos picolés que estão à venda nas disputadas gôndolas do empório Santa Luzia.

Com apenas dois anos de vida, a fabricante de sorvetes Diletto, sediada em São Paulo, já conquistou espaço em alguns dos pontos de venda mais badalados do País - e até do exterior.

Para tanto, teve de superar gigantes como Unilever e Häagen-Dazs. Hoje, depois de distribuir seu produto em dois mil estabelecimentos e faturar R$ 10 milhões em 2010, a Diletto se prepara para receber o aporte de um fundo de investimentos e enfrenta o desafio de crescer sem descaracterizar a imagem da marca.

O histórico da empresa depõe a seu favor: tudo que foi feito até agora deu certo. O primeiro passo da Diletto, aliás, foi copiar uma fórmula familiar que já havia obtido sucesso na Itália do início do século 20.

Lá, Vittorio Scabin se diferenciou da concorrência ao produzir um picolé premium. "Na região do Vêneto, meu avô era o único a fabricar um produto de qualidade nesse formato", explica o empresário Leandro Scabin, que imitou seu nono quando decidiu abrir, em 2009, a Diletto brasileira.

Parecia algo simples. Mas Scabin garante que a principal dificuldade enfrentada por ele foi justamente a de equilibrar uma massa bastante cremosa (que caracteriza um sorvete italiano de qualidade) em um palito. "Eu não poderia simplesmente reproduzir as receitas do meu avô porque ele fazia tudo de forma artesanal", justifica Scabin.

Foram necessários muitos testes até encontrar a fórmula certa. Ao fim do processo, porém, a empresa tinha chegado a dois resultados importantes: possuía um produto inovador e poderia assegurar que era capaz de entregar grandes pedidos.

Ao dar essa garantia, a Diletto ganhou a confiança de clientes de peso. A formação societária da empresa também ajudou a abrir portas: além de Scabin, o ex-sócio do Banco Pactual, Fábio Pinheiro, e o publicitário da W/McCann, Fábio Meneghini, também são donos da empresa.

Por tudo isso, a Diletto cresceu muito rápido - a estimativa é faturar R$ 22 milhões em 2011, seu terceiro ano de vida. "Poderia ser até mais, porém, precisamos ir com cuidado", diz Scabin.

Hoje a empresa já não faz um trabalho de vendas ativo. E recusa, todos os dias, propostas de lojistas interessados em revender seus produtos - que custam de R$ 4 a R$ 7. "Os nossos sorvetes só podem estar expostos em pontos de venda onde o consumidor seja capaz de compreender a história da nossa marca e valorizá-la", resume Scabin.

Para crescer, portanto, além de contar com capital de um fundo de investimentos, a Diletto prepara o lançamento de novas versões de seu produto, como o sorvete em massa vendido em copinhos de 500 ml - bem semelhantes aos da Häagen-Dazs.

Para o consultor Francisco Alberto Madia, da Madiamundomarketing, a Diletto precisa "evitar as tentações". Ele acredita que a empresa deve mesmo recusar os convites dos varejistas e se concentrar apenas em vender mais para os mesmos clientes. "Eu continuaria a apostar no picolé, que é o diferencial da marca, e criaria novos sabores", sugere. "A empresa poderia evitar a briga com produtos de grandes marcas e manter o foco no nicho de mercado que encontrou."


Veículo: O Estado de S.Paulo


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