Para a indústria, concorrência com os importados, que cresce no final do ano, é vista como motivo de preocupação
Um Natal bom para o varejo e desfavorável para a indústria. Esse é o cenário que a conjuntura atual apresenta para a data em 2011. A previsão é do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Mansueto de Almeida Junior. Embora acredite ser cedo para antever o desempenho do mercado no período natalino, ele pontua que os sinais dados pela economia são de vendas aquecidas e muitos presentes distribuídos entre as famílias brasileiras.
O primeiro ponto alegado pelo pesquisador é a expectativa de queda da inflação no segundo semestre. Com uma pressão menor sobre os preços somada aos reajustes salariais com ganho real (acima da inflação), negociados em várias categorias, a expectativa é que os trabalhadores devem lotar as lojas. O técnico do Ipea ainda alega que as taxas de desemprego ainda baixas e a certeza do incremento no salário mínimo são fatores que corroboram a tese de um Natal gordo. "O governo já sinalizou que o salário-mínimo vai crescer entre 13% e 14%, o que é mais renda para uma grande parte da população brasileira e que vai ajudar o Natal", explica. Na semana passada, o governo federal divulgou um piso de R$ 619,21.
Se para o varejo as perspectivas são boas diante do consumo, Almeida Junior pisa no freio para falar da indústria. As importações chinesas devem estar em peso nas prateleiras do comércio e, de acordo com ele, em volume ainda maior. Ele lembra que uma das propostas do plano Brasil Maior é evitar a prática de dumping, mas que os efeitos das medidas ainda não devem ser sentidos neste Natal. "O efeito não vai ser imediato", sugere.
"Outra coisa é que o consumidor brasileiro tem uma variedade enorme de produtos, e com o dólar baixo, é mais fácil importar, o volume de importados nos supermercados aumentou muito", completa.
Seguindo as tendências apresentadas pelo pesquisador, a Rainha das Noivas espera por um Natal 15% maior na comparação com 2010. "Estamos com o mix de produtos negociados com os fornecedores, com uma expectativa de que seja bem melhor do que o restante do ano", revela o diretor de marketing da rede, Fabiano Wainberg. Ele aponta que o desempenho do mercado imobiliário está atrelado ao negócio da varejista, focada em cama, mesa, banho e cortinas. "Com mais lares, há mais janelas, camas, mesas para serem cobertas", analisa o dirigente.
Para dar conta do crescimento de dois dígitos, as lojas contarão com um acréscimo de 8% na equipe, formado por temporários. O processo de seleção deve começar em outubro. Wainberg afirma que, além dos colaboradores recrutados para o Natal, a equipe efetiva também deve ser treinada para o atendimento.
Um dos primeiros segmentos a sentir os movimentos do Natal é o de embalagens e decorações. Líder no mercado brasileiro, a Cromus já está participando de feiras e promovendo a linha de embalagens natalinas. Para sustentar o crescimento almejado em 14% na data, a companhia ampliou em 37% o volume de artigos ofertados. O diretor comercial da Cromus, Fernando Hachul, espera por negócios gerados pela comemoração.
"Lançamos catálogos em agosto, que agora estão começando a circular no mercado, mas pela recepção que tivemos dos clientes, percebemos que eles estão bastante otimistas", argumenta.
Veículo: Jornal do Comércio - RS