A aproximação das chuvas em Minas já está influenciando os preços pagos aos produtores de leite, que em setembro fecharam com alta de apenas 0,9% sobre os praticados em agosto. A redução do ritmo de aumento se deve basicamente à aproximação do período de safra no Estado e demais regiões produtoras. A tendência para o próximo mês é de estabilidade. A partir de novembro é esperada queda na cotação, devido ao aumento da produtividade.
De acordo com o consultor e zootecnista da Scot Consultoria, empresa especializada na análise do agronegócio, Rafael Ribeiro de Lima Filho, o mercado do leite sinaliza para estabilidade em curto prazo. "Em agosto, o levantamento da consultoria apontou que o valor recebido pelos produtores mineiros encerrou o mês com alta de 2% sobre os preços praticados em julho. A tendência é de que a captação seja ampliada à medida que a pastagem for reconstituída, servindo como alimentação para o rebanho. Em Minas, os pastos estão bastante comprometidos. Por isso os preços deverão manter-se estáveis, com pequenas oscilações negativas, até novembro", analisa Lima Filho.
A alta nos valores pagos aos produtores de leite ao longo de setembro foi a menor desde o início do ano. Mesmo com o recuo no ritmo de crescimento, a situação dos pecuaristas de leite ainda é favorável. Apesar do encarecimento dos custos de produção, os preços acumulam alta superior a 20% em relação aos praticados em 2010.
De acordo com os últimos dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), nos últimos 12 meses o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite/Embrapa) aumentou 19,94%. No período, as maiores altas ocorreram nos insumos relacionados à alimentação bovina (concentrado com alta de 15,75%, e volumosos, 36,91%), reprodução, 28,54%, e a qualidade do leite, 23,83%.
"A rentabilidade do produtor existe, mas está com margens reduzidas. Isto devido ao encarecimento registrado nos custos de produção, principalmente no que se refere à alimentação do rebanho. As principais altas são verificadas nas cotações do milho, soja e farelo de algodão. O custo se manterá alto nos próximos meses, podendo ser minimizados com a utilização de pastagem", observa Lima Filho.
Em Minas, segundo levantamento da Scot Consultoria, o produtor recebeu, em média, R$ 0,885 por litro de leite no pagamento de setembro, referente à produção de agosto, um aumento de 0,9% em relação ao pagamento anterior. A captação se manteve praticamente estável no período. A expectativa é de que a produtividade do rebanho seja alavancada em novembro.
Seca - De acordo com Lima Filho, várias regiões do Estado ainda sofrem com a falta de chuva. "A expectativa é de qwue a recuperação da produção comece a partir de meados de outubro no Sul do país. Em Minas, devido ao maior comprometimento da pastagem pela seca, a retomada é esperada para novembro. Até lá o mercado deve seguir firme, mas não são esperados aumentos significativos mo preço.
Com expectativa de aumento da produção no país e queda nos preços do leite, as indústrias diminuíram o ritmo de aquisição do produto, na espera de preços mais competitivos. O ritmo de compras no varejo também está menor. As indústrias estão com estoques de leite longa vida, o que da margem para negociações de preços.
"O mercado caminha para uma mudança de tendência na qual os preços estão perdendo força. A seca foi o principal fator que sustentou a alta observada em setembro. Mas como são esperadas chuvas em outubro, em novembro provavelmente a produção no Estado será maior", diz o especialista.
Veículo: Diário do Comércio - MG