Quem anteviu a variação cambial como uma estratégia meses atrás, e por isso reforçou seus estoques, vai estar mais preparado para as vendas de Natal, principalmente entre as redes que comercializam brinquedos. É o caso da PB Kids, que se preparou para as vendas do Dia da Criança e do Natal por volta de junho, quando negociou um estoque 16% maior, antes de a moeda norte-americana começar a subir. A empresa parece ter acertado na estratégia, tanto que acaba de ver suas vendas aumentarem em 15,7% neste período do Dia da Criança, em relação ao mesmo período de 2010, praticamente zerando o volume de estoques. O tíquete médio visto foi de R$ 140.
Por conta das negociações antecipadas, a rede garante que não deverá repassar aumento no preços dos brinquedos para o bolso do consumidor . Para dar conta do atendimento, a empresa, que está no mercado há 17 anos, ampliou o quadro de funcionários no feriado das crianças, - cujas contratações temporárias devem se estender até o final do ano - e pretende inaugurar duas lojas, no Mooca Plaza Shopping e no Park Shopping São Caetano.
A empresa é um dos termômetros dos bons resultados atingidos pelo varejo segmentado neste último feriado. Agora é certo que o comércio varejista de brinquedos espera um Natal otimista em 2012. No caso da PB Kids, o resultado positivo foi impulsionado principalmente pelas vendas de produtos como a Maquininha de Costura da Barbie, a casinha Tudo em Um Só (com acessórios da boneca Litlle Mommy) e a Direção Ferrari, que reproduz o ronco dos motores da Fórmula 1. Helicópteros e carrinhos de controle remoto completam a lista dos mais requisitados juntamente com os jogos de tabuleiro repaginados como Super Jogo da Vida e Detetive 3D.
Celso Pilnik, diretor-comercial da rede, explica que o sucesso das vendas aquecidas tem receita: "Prateleiras abastecidas com os últimos e melhores lançamentos para o Dia das Crianças, um mix de 8.000 produtos em cada loja, vendedores bem treinados e atendimento personalizado garantiram o sucesso das vendas da PBKids".
Outra rede do segmento, a RiHappy, informa que os volumes de estoques foram mantidos sobre a base registrada do ano passado e devem seguir a mesma linha no Natal. Esse ano, as vendas da rede tiveram aumento de 6% em relação ao ano passado, impulsionadas principalmente pela venda do peão Black Blade, cujos estoques se esgotaram. Sem revelar números de negócios, porém, a empresa diz que enfrentou algumas dificuldades que podem ter influenciado no desempenho menor das vendas, e na maior incidência de compra tardia - fenômeno que não se repetia há 25 anos. A greve dos Correios também afetou diretamente o comércio eletrônico da empresa. "Nunca se vendeu tão tarde nos dois últimos dias como neste ano", destaca o diretor-comercial da RiHappy, Ricardo Sahyoun.
Como na loja, 75% dos estoques de brinquedos são de origem importada, o aumento da moeda norte-americana e a pressão sobre os custos dos preços fatalmente deverão influenciar nas vendas do final do ano, e pode ser que haja repasse de preço ao consumidor. "Não é a nossa intenção repassar aumento de preço. Mas, para o Natal, tudo vai depender do cenário internacional, e de como o preço do dólar vai se comportar frente a moeda brasileira. Ainda não começamos a negociar com os fornecedores. Não sabemos o quanto eles serão capazes de suportar", explica Sahyoun. Este ano, o tíquete médio da rede chegou a R$ 130, ante os cerca de R$ 126 negociado no ano passado.
Varejo popular
Os lojistas da 25 de Março projetam aumento de 10% a 12% de tíquete médio, passando de R$ 100 para R$ 110 este ano, no gasto com as compras de Natal. A projeção é da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco) que também espera volume de estoque entre 10% a 15% menor do que o obtido em 2012, com as turbulências internacionais.
Vendas
Passado o Dia da Criança, e o varejo voltado para o público infantil continua otimista com os números para 2011. Para mapear esse segmento, o Ibope Inteligência, em parceria com a consultoria Pyxis Consumo, revelou uma pesquisa que mostra o consumo previsto para 2011. De acordo com o estudo, o setor de vestuário infantil deverá movimentar R$ 16,17 bilhões, enquanto calçado infantil R$ 4,75 bilhões e brinquedos R$ 5,26 bilhões. O levantamento aponta que a média de consumo per capita para vestuário infantil é de R$ 99,26, seguida de brinquedo, com R$ 32,34, e calçado, com R$ 29,20. A região do país com maior potencial de consumo para os três é o sudeste.
Com relação ao perfil dos consumidores de vestuário infantil, a classe C conta com a maior fatia, somando 42,50%, e a expectativa de movimentação é de R$ 6,85 bilhões. Individualmente, brasileiros da Região Sudeste são os que deverão gastar mais com este tipo de produto, R$ 113,16 (consumo per capita). Esse valor é superior à média nacional, que é de R$ 99,26. Também ficam acima da média as Regiões Sul (R$ 111,99) e Centro-Oeste (R$ 103,42). O Norte e o Nordeste apresentam um consumo per capita menor do que o do Brasil, R$ 83,31 e R$ 68,44, respectivamente.
Veículo: DCI