Os planos de construção de uma nova fábrica de celulose da Klabin, que foram anunciados em 2009, começam a ganhar contornos concretos. A maior fabricante brasileira de papéis para embalagens já avançou nos estudos de engenharia e os investimentos na nova unidade poderão chegar a R$ 6 bilhões nos próximos anos, segundo informações do governo paranaense. A fábrica será voltada tanto à produção de fibra longa, que é usada na fabricação de embalagens e de papelão ondulado, quanto de fibra curta, matéria-prima utilizada para papéis de imprimir e escrever e absorvente (tissue).
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, o fato de a companhia ter iniciado os estudos de engenharia e contar com madeira já existente torna possível o início das operações em 2015. Ontem, o jornal paranaense "Gazeta do Povo" informou que a Klabin já negocia com o Estado e municípios da região de Campos Gerais a implantação da fábrica, com o objetivo de iniciar atividades a partir de 2015. Citando fontes próximas às negociações, o jornal informou ainda que o investimento no projeto pode chegar a R$ 5,8 bilhões.
Em entrevista ao Valor, o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná, Ricardo Barros, disse que o investimento da Klabin está bem encaminhado. Segundo ele, a direção da empresa teve um encontro recentemente com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) para tratar do assunto. "Mas não há fato novo", comentou. "Como as florestas da empresa estão aqui no Paraná, o investimento deve ser no Estado."
Segundo ele, o projeto está orçado em cerca de R$ 6 bilhões. Hoje, a Klabin tem um complexo fabril em Telêmaco Borba, mas há um esforço por parte do governo para que a nova unidade fique no município vizinho de Ortigueira, que tem 23 mil habitantes e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Outra que está no páreo é a cidade de Tibagi. Procurada, a Klabin não confirmou as informações.
De acordo com fontes, a nova unidade deverá produzir celulose a partir de pinus (fibra longa) durante alguns meses do ano, ao ritmo de 1,3 milhão de toneladas anuais, e dedicar-se à produção de celulose de eucalipto no período restante, com capacidade para 1,5 milhão de toneladas anuais. Enquanto toda a fibra longa será absorvida pela própria companhia, que pretende ampliar sua produção de papel-cartão, uma parte da fibra curta será exportada.
A Klabin tornou pública em 2009 a intenção de construir uma nova fábrica de celulose no Paraná, com capacidade produtiva de até 1,5 milhão de toneladas por ano. Com o projeto, a companhia será capaz de elevar a até 3,4 milhões de toneladas anuais sua produção da matéria-prima. Ao mesmo tempo, a Klabin informou que já avaliava a instalação de uma nova máquina de cartão, para produzir até 500 mil toneladas por ano, elevando a 2,4 milhões de toneladas anuais a capacidade total de papéis e embalagens de papéis. Os dois projetos, contudo, não estavam vinculados.
O mais recente grande investimento da empresa foi realizado justamente na unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba, e elevou a fábrica paranaense ao grupo das 10 maiores do mundo à época. Concluído em 2008, o projeto demandou R$ 2,2 bilhões em investimentos.
Veículo: Valor Econômico