Venda Nova atrai grandes redes do varejo nacional

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Região também vai receber dois novos shoppings.


Ao completar 300 anos, Venda Nova, no Vetor Norte de Belo Horizonte, passa por um momento de expansão comercial. Impulsionada por grandes investimentos, como a instalação da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, no bairro Serra Verde; o anúncio da construção da Catedral Metropolitana, no bairro Juliana; e o alargamento das avenidas Antônio Carlos e Pedro I, a região tem atraído grandes redes varejistas, além de dois shopping centers, que devem ser inaugurados nos primeiros meses de 2012.

A Leader, rede com 57 lojas em oito estados brasileiros, acaba de desembarcar em Venda Nova. Inaugurado no dia 28 de outubro, o ponto de venda está localizado na rua Padre Pedro Pinto, principal via da região, tem 931,2 metros quadrados e gera 60 empregos. A loja de departamentos fica no mesmo quarteirão onde estão instalados o Ponto Frio, Casas Bahia, Magazine Luiza, Pernambucanas e será vizinha da Marisa, que será inaugurada hoje.

Já a pouco mais de 500 metros de distância, na mesma rua, está prevista, ainda para este mês, a inauguração de mais uma unidade da Lojas Americanas. O estabelecimento, com área de vendas de 477 metros quadrados, deve gerar 30 postos de trabalho. No próximo ano, o ritmo de inaugurações deve ser mantido na região de Venda Nova. Em abril, será a vez do Shopping Estação BH, localizado na estação do metrô Vilarinho.

Segundo o diretor de Desenvolvimento e Comercial da BR Malls, Luiz Quinta, o novo shopping deve gerar 2 mil empregos diretos e já está certo que abrigará redes de lojas como a Renner, Riachuelo, C&A, Cinépolis, Marisa, Ponto Frio, Casas Bahia, Leader, McDonald´s, Subway, Taco, TNG, Opção, M.Officer, entre outras. "Serão oito âncoras, quatro megalojas, 262 lojas satélites, seis restaurantes, 22 fast-foods, seis salas de cinema e 2.200 vagas de estacionamento, distribuídas em 36 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL)", informa Quinta.

Tendência - Para a gerente do Departamento de Economia da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Silvânia Araújo, esse é um movimento natural da cidade. "O comércio acompanha o consumo e a região concentra não só uma grande população, mas também tem apresentado uma sensível melhoria no padrão de renda, o que atrai essas grandes redes", avalia a economista.

A renda média de três salários mínimos per capita e o aumento do "apetite" do consumidor das classes C e D, base da população da região, são apontados por Silvânia Araújo e por Marco Aurélio Lins, professor da Faculdade de Tecnologia do Comércio (Fatec), instituição ligada à Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), como grandes propulsores do desenvolvimento comercial de Venda Nova. "Antigamente essas lojas importantes se concentravam no centro e atraíam as pessoas para aquela região. Hoje, por muitos motivos, principalmente o trânsito, o consumidor não quer se deslocar para comprar. Então o comércio vai atrás desse público", acrescenta o professor.

A secretária de Administração Regional Municipal Venda Nova, Flávia Mourão Parreira do Amaral, comemora a chegada dessas redes e salienta que a região sempre teve uma população expressiva e que, além disso, é corredor de acesso para várias cidades importantes e populosas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como Ribeirão das Neves, Vespasiano e Santa Luzia, entre outras. "Além do melhor padrão de renda que a nossa população tem atingido nos últimos anos, devemos parte desse crescimento às obras estruturantes que estão sendo feitas em toda o Vetor Norte da cidade, como a Linha Verde, obra que liga o Aeroporto Internacional Tancredo Neves ao centro da cidade; às obras das avenidas Antônio Carlos e Pedro I; e à futura implantação do Bus Rapid Transport (BRT). Tudo isso já indicava esse crescimento e que a atração de empresas com esse perfil aconteceria", aponta a secretária.

Outras atividades econômicas, como o polo de produção industrial limpa e tecnológica ao longo da Linha Verde, também devem ser implantada na região, garantindo a diversidade e dinamismo econômico de Venda Nova. "Devemos aproveitar os investimentos federais em virtude da realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, para criar infraestrutura, principalmente dar mobilidade para quem vem e quem mora em Venda Nova. Queremos que esse bom momento seja um processo contínuo e planejado", Flávia Mourão.

Parceria - Crescer sem prejudicar a economia tradicional ou expulsar antigos moradores e comerciantes da região é uma das preocupações da administração regional e também das entidades de dirigentes do comércio. Para o coordenador da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) - regional Venda Nova, Agmar Alves de Sousa, "essas mudanças devem respeitar as características próprias e históricas da região". "Os empresários tradicionais vivem agora um momento de ansiedade e medo, por isso precisamos ter políticas que alinhem esse crescimento com a preservação da economia local", explica. Opinião compartilhada pelo coordenador da Fatec. "As entidades empresariais agora precisam investir e fomentar a capacitação e qualificação dos pequenos e microempresários, para que eles mantenham a competitividade e não sejam expulsos do mercado, como já aconteceu em outras oportunidades parecidas. Esse é um processo permanente e irreversível, por isso eles não devem cair no erro de competir por preço, mas sim encontrar o seu diferencial, que vai atrair e fidelizar o consumidor", avalia Lins.

A qualificação dos trabalhadores da região também é apontada pela secretária Flávia Mourão como uma necessidade, que se atendida pode garantir que os benefícios da chegada das grandes empresas sejam revertidos para a população local e não repassados para uma população de diferentes áreas da cidade que precise se deslocar para Venda Nova.

"Não querermos que esse seja um processo de substituição e predatório. Estamos, junto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, construindo um planejamento com diretrizes especiais e acompanhamento de todas essas mudanças. A intenção é que o ônus dos investimentos em infraestrutura seja compartilhado entre o poder público e os grandes investidores que estão se instalando aqui. Existe um olhar enérgico sobre o regulamento de uso e ocupação do solo para evitar que existam abusos e especulação", afirma a administradora.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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