Se até dezembro não houver uma mudança drástica no cenário econômico, o comércio varejista brasileiro deve crescer 4,2% neste Natal e 6,1% em todo 2011, na comparação com um ano antes. A projeção é da consultoria Austin Rating, elaborada a partir dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de apontar uma desaceleração em relação a 2010, o estudo indica que a demanda por produtos manufaturados continua alta neste Natal.
"Tais resultados, se materializados, serão considerados muito positivos devido às circunstâncias adversas impostas pelas incertezas no mercado externo, bem como pelas medidas restritivas adotadas pelo governo no fim de 2010 e no início de 2011", informa o relatório da consultoria.
O maior aumento nas vendas, de 20,7%, é esperado para o setor de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que inclui os computadores. Em seguida, vêm os móveis e eletrodomésticos, com expectativa de crescimento de 12,3%. De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, esse desempenho "está relacionado ao crescimento do mercado de crédito no Brasil, que estimula as vendas de produtos de maior valor agregado, mas que tenham prazo de financiamento médio de 4 meses".
"Os setores que não demandam tanto crédito, e sim mais renda, não têm crescido muito", diz Agostini. Ele explica que a tendência do mercado é que, à medida que cresce a renda, as pessoas aumentem os gastos com a cesta básica, diversificando os produtos e passando a consumir enlatados, congelados, etc. Depois disso, aumenta-se o consumo de bens semi-duráveis e duráveis. "Estamos vivendo a onda dos manufaturados".
Para a venda de veículos, é esperada uma redução de 3,4% em dezembro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo Agostini, a estimativa é de queda por se tratar de um bem em que mais de 75% da aquisição é feita via financiamento com prazo médio de 24 meses. "A queda reflete, principalmente, o cenário internacional conturbado e a pressão inflacionária, que afetam a confiança do consumidor que, por sua vez, se retrai na tomada de crédito de prazo mais longo".
Veículo: Valor Econômico