Supermercados de bairro reforçam investimentos em treinamento e bom atendimento.
Pressionados pela concorrência das grandes redes, os pequenos e médios supermercados de Belo Horizonte, que representam 65% do mercado, têm investido em treinamento e bom atendimento para fidelizar a clientela.
O Supermercados Horta, com sete lojas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), aposta na proximidade com os clientes e em um mix enxuto para agradar e manter os mais de 100 funcionários trabalhando e quase R$ 20 milhões de faturamento anual. "Ninguém hoje quer fazer compras longe de casa, por isso atender bem o cliente que está perto de nós é imprescindível. Nossos funcionários são constantemente treinados para entender as necessidades dos consumidores e fazer um atendimento caloroso e personificado", explica o diretor comercial, Gumercindo Horta. Outra estratégia adotada pelo comerciante é ter sempre algum produto da cesta básica em oferta.
Manter os antigos funcionários e fidelizar os moradores do próprio bairro ou da região é uma estratégia comum. Além do Supermercados Horta, o Supermercado Prado, localizado no bairro de mesmo nome, na região Oeste da Capital, aposta na ação. De portas abertas há 35 anos, o Supermercado Prado, hoje com 34 funcionários, assistiu ao crescimento da cidade e da agressividade das grandes redes, não sem abalos, mas, também, sem desistir.
"Temos muitos clientes que conhecemos pelo nome. Quando passam muitos dias sem aparecer vamos visitar para saber se aconteceu algum problema. Tem gente que vem aqui até três vezes por dia. Então, ter funcionários que conheçam o cotidiano do bairro facilita a criação de uma atmosfera calorosa, rara em estabelecimentos muito grandes", comenta o proprietário do Supermercado Prado, Gilson de Deus Lopes. Além de conhecer o cliente é preciso saber ouvi-lo. Por isso Lopes mantém uma caixa de sugestões no estabelecimento, da qual tira novas opções para o mix e adequações na loja e no comportamento da equipe.
Mesmo com bom atendimento e proximidade, os empresários do setor dizem que não é possível competir sem apresentar um preço razoável para o consumidor. Entretanto, conseguir negociar com fornecedores em pé de igualdade com as grandes redes é impossível. Para tentar acabar com o problema, os pequenos estabelecimentos se unem em redes, a fim de conseguir poder de barganha e padronizar procedimentos de gestão em busca de qualidade e eficiência administrativa.
"Sozinho eu não era nem recebido pelos fornecedores. Só quando montamos a Rede Fácil, unindo outros pequenos comerciantes, é que passamos a negociar", explica Horta. O mesmo aconteceu com Lopes, que afirma não ter ilusões quanto ao peso do fator preço na escolha dos clientes. "Somente unidos podemos fazer frente aos grandes supermercados. Na Rede Valor ganhamos força sem perder as nossas características. Aprendemos novas práticas de gestão, negociamos com fornecedores sob o selo Valor, sem abandonar nossa bandeira", explica o proprietário do Supermercado Prado.
Buscar qualificação e profissionalização da gestão também é apontado pelos comerciantes como uma necessidade. Uma das opções é recorrer ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "Estou a frente dos negócios desde 2003 e sempre tentei me manter atualizado. Agora participamos de um programa do Sabrae de gestão profissional. Vamos atrás de padronização dos procedimentos para reduzir a vulnerabilidade frente à concorrência", explica Lopes.
Veículo: Diário do Comércio - MG