Fazer o Brasil subir da quarta à terceira posição no ranking da PepsiCo no mundo. Hoje, o país está atrás de Estados Unidos, México e Rússia. Essa é a meta da filial da companhia no país, segundo Olivier Weber, presidente da divisão de alimentos da PepsiCo para a América do Sul, Caribe e América Central. "Estamos trabalhando duro para que isso aconteça ainda no ano que vem, quando pretendemos dobrar os investimentos da PepsiCo no Brasil", afirmou Weber ao Valor ontem, após a teleconferência em que deu mais detalhes sobre a compra da goiana Mabel.
O valor da aquisição não foi confirmado mas, segundo fontes, seria de R$ 800 milhões. "É muito caro", diz um executivo do setor. "Isso representa 15 vezes o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] da Mabel. Só vale se a PepsiCo estiver realmente se sentindo pressionada a mostrar resultados à matriz".
O Ebitda da Mabel, segundo o balanço de 2010, auditado pela KPMG, foi de R$ 51,6 milhões, com lucro líquido de R$ 20,6 milhões. A receita líquida somou R$ 426,7 milhões, 14% superior à de 2009. "Em uma aquisição, calcula-se sete ou oito vezes o Ebitda da empresa", diz o advogado Eduardo Boccuzzi, especialista em legislação societária. "A PepsiCo deve ter enxergado ganhos de escala e sinergias que justifiquem o valor", afirma.
Forte no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país, a marca tem distribuição restrita no Sul e Sudeste, principais mercados da PepsiCo. "Nossa distribuição é complementar", diz Weber, ressaltando que a PepsiCo vai manter o nome Mabel. "Não temos uma marca forte para os públicos C e D, que são o foco da Mabel, mas também pretendemos investir na marca, levando-a para outras categorias", diz. A meta da múlti é repetir no país o sucesso da marca Gamesa, líder no México.
A Mabel é a sétima empresa no ranking nacional de biscoitos, mercado que movimentou R$ 7 bilhões em 2010. A líder é M. Dias Branco, com 23,4% (marcas Adria, Vatarella, Richester, Fortaleza, entre outras). Na sequência vêm Nestlé (9%), Kraft/Nabisco (7,3%), Marilan (6,6%), Bauducco (6,4%), Arcor (6,3%) e Mabel (6,1%). O mercado é caracterizado por empresas regionais. Estima-se que existam cerca de 400 fabricantes no país.
Segundo Weber, a PepsiCo avalia se vai transferir à Mabel a produção dos cookies da marca Quaker. Atualmente, a produção desse itens é terceirizada para a gaúcha Dauper.
Segundo Weber, a PepsiCo está redirecionando seus negócios no país, onde 40% das vendas vêm de bebidas e a maior parte de alimentos. A empresa quer se concentrar nos snacks e nos produtos de apelo saudável. Daí a venda recente da marca de pescados Coqueiro para a Camil. Dentro da nova estratégia, encaixa-se a compra da fabricante de biscoito argentina Dilexis em setembro. A Argentina é o país com o maior consumo per capital de biscoitos da América Latina.
Além da marca Mabel, a aquisição envolveu 5 fábricas de biscoitos e salgadinhos, em cinco Estados (Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe). Os demais negócios do Grupo Mabel (R$ 400 milhões de receita líquida), segundo o deputado Sando Mabel, ex-presidente do conselho de administração, continuam com a família. "Vamos reforçar nossa atuação com a GSA Gamas Sucos e comprar outras empresas", disse.
Veículo: Valor Econômico