A Mattel anunciou uma mudança na linha de frente do grupo no mundo e isso deve beneficiar o Brasil. A maior fabricante de brinquedos do mundo, dona da boneca Barbie, informou na segunda-feira a saída do atual presidente mundial, Robert Eckert, há 11 anos na função, e a entrada de Bryan G. Stockton, que passa a ocupar o cargo em janeiro de 2012.
Stockton é o executivo por trás da rápida expansão da companhia fora dos Estados Unidos e analistas acreditam que esse deve ser um dos pilares de sua gestão. Desde que chegou na Mattel, no ano 2000, passou de 36% para 50% a participação da área internacional nas vendas totais - de quase US$ 4,5 bilhões até setembro. O executivo teve participação direta nesse crescimento - assim como também pode ser o responsável por uma presença maior da subsidiária brasileira nos negócios no mundo.
O comando da companhia nos EUA fez as contas e, em reunião com analistas estrangeiros há um mês, nos EUA, disse que haverá um aumento de 50% na quantidade de crianças que pertencem à classe média no mundo entre 2009 a 2015. Serão 35 milhões de crianças a mais da classe C nessas regiões em seis anos. A subsidiária brasileira será uma das principais filiais com a função de trazer esse novo pequeno consumidor para perto da Mattel na próxima década, segundo comentou o comando da empresa com os analistas.
"O peso da classe C nas vendas no Brasil não pode ser, nem de perto, comparado com Europa e Estados Unidos. A participação de produtos acessíveis, de até R$ 50, é bem maior aqui", disse, sem dar números, Ricardo Ibarra, presidente da Mattel no país.
O Brasil também pode ser uma peça importante no plano de ampliação da produção local em países emergentes. Esse projeto está em curso neste ano no Brasil, conta Ibarra, e na próxima semana, uma equipe da área operacional da Mattel nos EUA, chega a São Paulo para se reunir com fornecedores.
Esses fabricantes podem fechar contrato de produção para a companhia no país. A empresa tem 60 fornecedores no Brasil. Metade da produção da empresa no país é importada e essa taxa se manteve nesse nível ao longo do ano. A ordem é reduzir essa taxa a médio prazo. "Se nacionalizamos mais, temos controle maior do processo. E não precisamos esperar dois meses para um produto chegar", diz Ibarra, que esteve na semana passada em reunião com o comando na sede, em Los Angeles.
É algo que tem a ver com a necessidade de a Mattel customizar seus produtos localmente. O novo presidente mundial acredita, assim como o anterior, que simplesmente copiar produtos de um país para outro é um erro. As necessidades são diferentes. Neste ano, a Mattel acumula crescimento de 10,6% nas vendas, taxa acima da verificada na concorrente Hasbro, com alta de 4,7%.
Segundo o Valor apurou, a matriz também já analisou a nova campanha publicitária da Mattel no Brasil, lançada no fim de semana, e estuda a hipótese de reproduzir o conceito em outras partes do mundo. A matriz já estava em busca de um formato de campanha corporativa global e entendeu que o material local, da agência AGE Isobar, pode ser uma solução. O filme começou a ser veiculado no fim de semana no país, em horário nobre da TV, sob o mote: "Seu filho imagina. A gente cria".
Veículo: Valor Econômico