Casas Bahia busca imóveis em áreas pacificadas do Rio

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Atenta ao nicho aberto pela instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a Casas Bahia pretende expandir sua presença em comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. Michel Klein, presidente do conselho de administração da Globex, holding que controla Casas Bahia e Ponto Frio, disse ontem ao Valor que está prospectando imóveis no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus, localidades que receberam UPPs recentemente. As duas futuras lojas vão se juntar à filial da Rocinha, anunciada pela Casas Bahia antes mesmo da chegada da UPP, e que deve abrir as portas no primeiro trimestre do ano que vem.

De acordo com o empresário, a rede varejista poderá seguir o rastro das UPPs, abrindo lojas nas comunidades pacificadas em que houver viabilidade econômica. "A nossa maior dificuldade é a formalização dos imóveis, porque normalmente são áreas invadidas, aí fica mais difícil", afirmou Klein. Ele informou que também está em busca de um ponto em Heliópolis, a maior "ex-favela" de São Paulo. A rede já tem uma filial em Paraisópolis, outra grande comunidade carente da capital paulista.

E o morador de alguma dessas comunidades que não estranhe se cruzar com o próprio Michel Klein pela vizinhança. Ele faz questão de avaliar pessoalmente quase todos os imóveis candidatos a uma futura loja. Foi isso que ele fez na tarde de ontem em Fortaleza, logo após anunciar oficialmente a chegada da Casas Bahia ao Ceará, terceiro Estado nordestino atendido pela rede, ao lado de Bahia e Sergipe.

Em um primeiro momento, serão abertas duas lojas na capital cearense, sendo uma de rua, no centro, e outra no Shopping Center Um, no bairro de Aldeota, com investimento de R$ 7 milhões A expectativa, no entanto, é de que a Casas Bahia chegue a pelo menos 30 lojas no Estado nos próximos anos. Já estão sendo prospectadas áreas em cidades como Juazeiro do Norte, Crato e Sobral.

A empresa também busca uma área para a construção de um centro de distribuição no Estado. O local preferido, segundo Klein, é o entorno do Porto do Pecém, na região metropolitana de Fortaleza, justamente pelo fato de já dispor de boa infraestrutura logística.

A estratégia para o Nordeste prevê em torno de 200 lojas até 2020, ano em que a rede estima contar com 800 pontos em todo o país - hoje são 550. No Nordeste há apenas dois anos, a Casas Bahia conta hoje com 31 lojas na Bahia, duas no Ceará e uma, em Sergipe. O próximo Estado será Pernambuco, com uma unidade em Petrolina, no sertão, e outra na capital, Recife. Em seguida deverá ser celebrada a chegada a Alagoas.

Em um mês, Casas Bahia e Ponto Frio vão abrir 10 filiais pelo país. Além do Ceará, o plano prevê Rio, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Serão sete lojas da Casas Bahia e três do Ponto Frio

Ao optar pelo crescimento orgânico, em detrimento da compra de redes locais, a Casas Bahia evita contratempos, entre os quais a antipatia imediata do empresariado local. Mas o principal impeditivo, reforça Klein, é a herança que uma rede adquirida pode trazer consigo, como passivos financeiros e judiciais, além de vícios e hábitos difíceis de serem mudados.

Ainda assim, a Casas Bahia não descarta aquisições pontuais para acelerar a expansão, como fez em 2009 com as dez lojas da rede baiana Romelsa. Segundo Klein, foi o então proprietário da Romelsa que, atarefado em seus diversificados negócios, decidiu pela venda. "Nós não entramos em um novo mercado para tomar o espaço do outro, mas sim para preencher um espaço que acreditamos que exista", explicou o empresário.

Segundo ele, o Nordeste ainda oferece muitas oportunidades, especialmente no segmento de móveis, que poderá ser um diferencial importante para competir na região, visto que tem fabricação própria. "Vamos pesquisar os hábitos do consumidor do Nordeste para, quem sabe, fabricarmos linhas específicas para o gosto regional", revelou o empresário. "Nossas lojas aqui [no Nordeste] vão ser grandes, de 1.400 metros, justamente para darmos destaque à área de móveis", completou. (Com Paola de Moura, do Rio)


Veículo: Valor Econômico


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