Enquanto o setor supermercadista projeta crescimento nas vendas para este fim de ano, os lojistas estão menos otimistas. Alguns reduziram o volume das encomendas, readequaram o mix de produtos e mudaram a estratégia na tentativa de fisgar o consumidor a um mês do Natal.
É o que fez o empresário Ewerton Starling, da Arquibancada Comércio de Artigos Esportivos Ltda, que depois de amargar uma retração de até 30% nas vendas no último trimestre não espera recuperação no Natal. "Se a gente comparar com 2010, a expectativa não é boa. Com o mercado desacelerado, tive que mudar a estratégia e fazer menos encomendas em relação ao ano passado", disse.
Com a baixa procura pelos produtos licenciados, o empresário se viu obrigado a diversificar o mix incluindo, em meio a artigos esportivos, produtos como acessórios e souvenirs, para atender ao mercado que nesta época do ano busca lembrancinhas, que podem impulsionar as vendas.
"A ideia é investir em itens mais baratos para ganhar na quantidade de vendas. Ao invés de comprar um produto por R$ 100, os consumidores podem optar por dois ou três objetos para presentear familiares ou colegas de trabalho durante o amigo oculto", explica o dono da Arquibancada Esportes.
Uma das conseqüências dessa frustração dos lojistas é a redução no número de vagas de temporários. Na TNG do Shopping Del Rey, ao contrário de anos anteriores, não houve reforço na equipe.
"Neste ano contratamos menos extras e optamos por trabalhar com a mão de obra interna, considerando que as vendas não estão concentradas apenas no Natal, mas vêm sendo distribuídas ao longo do ano", explicou o gerente Breno Caetano. Ele faz parte da parcela dos lojistas que esperam incremento nas vendas de pelo menos 25%. "Natal é sempre a mesma euforia, conforme venho observando ao longo de 13 anos trabalhando no shopping. As pessoas agora estão comprando muita roupa, não para dar de presente, mas para elas usarem, principalmente nas festas de fim de ano", disse.
Meta - Após amargar três anos de retrações nas vendas, com prejuízo de 14% de 2008 até 2010, a loja K9 do Shopping Del Rey aposta que este é o Natal da recuperação. Conforme a gerente Valeska Lima Campos, a diretoria da rede estimulou como meta um crescimento de 20%.
"Mas se a gente conseguir atingir um acréscimo de 5% vai ser muito bom", disse. Para isso, a K9 reforçou o estoque em 20%, colocou na vitrine nova coleção e ampliou o mix com acessórios que têm saída nesta época. "São objetos mais baratos, que atraem o público feminino, como bolsas, cintos e bijuterias", disse.
Para a gerente da Brasil em Gotas, Isabel Vieira Alvim, é preciso acreditar em boas vendas no Natal. Segundo ela, esse crescimento pode chegar a 30%, com reforço do estoque com mix de acessórios a partir de R$ 39, dando como opção presentes mais baratos. "Temos que apostar no otimismo. O que não podemos é achar que vai ser ruim e não fazermos nada. Assim, nada acontece mesmo. Estamos acreditando muito que teremos retorno neste ano", disse.
O empresário Marcelo Henrique de Almeida, presidente da Associação de Lojistas de Shopping de Belo Horizonte (Aloshopping), confirma que a expectativa é de crescimento "mais comedido", na casa de 7%. Como em 2010 a situação esteve melhor, neste ano os lojistas estão mais cautelosos e, embora haja esse otimismo, ninguém exagerou no estoque", disse.
Expectativa do comércio
A expectativa do varejo para as vendas no mês de novembro no país é de alta de 3% em relação a novembro de 2010, aponta o Índice Antecedente de Vendas (IAV) do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), divulgado ontem. As projeções para dezembro deste ano e janeiro de 2012 são de crescimento do volume de vendas de 3,2% e de 5%, respectivamente, sobre dezembro de 2010 e janeiro de 2011.
Veículo: Diário do Comércio - MG