Moinho contesta restrições às importações de trigo

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O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, acredita que é inviável criar salvaguardas à produção de trigo brasileira da forma como foi proposto pelo setor produtivo na terça-feira na comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Com apoio da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as entidades ligadas aos produtores de trigo do Paraná e do Rio Grande do Sul propuseram à comissão que o governo ponha fim ao registro automático de importação do cereal e que a compra do exterior seja precedida da comprovação da aquisição do mesmo volume no mercado interno.

"O Brasil consome 10 milhões de toneladas por ano de trigo. Mas o país não produz 5 milhões de toneladas do cereal com qualidade para atender à indústria nacional", diz Pih. Além disso, afirma o empresário, a medida poderia elevar os preços de pão, massas e biscoitos, e impactar a inflação.

"O problema mais grave é que o produtor argentino consegue produzir o trigo a US$ 130 a tonelada, enquanto aqui no Brasil, esse custo está em R$ 512, o equivalente a US$ 285 por tonelada", compara.

Ele acredita que a solução para a produção de trigo no país é a incorporação de tecnologia, sobretudo novas variedades que tragam mais produtividade e, como consequência, redução de custo. "A questão é que os próprios produtores pediram ao governo para postergar a vigência da nova classificação do trigo, que pretendia elevar o nível de qualidade do cereal cultivado no país", disse Pih.

Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou a terceira rodada de leilões de apoio à comercialização do trigo da safra 2011/12. Foram negociadas 237,7 mil toneladas do cereal, de um total de 360 mil toneladas ofertadas entre trigo do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Com a rodada de ontem, o Ministério da Agricultura já acumula gastos de R$ 50,7 milhões com o apoio à comercialização do cereal na safra 2011/12 de um total de R$ 200 milhões anunciados, segundo levantamento feito pela Safras & Mercado. "Houve uma maior procura pelo trigo pão, de melhor qualidade", Michael Favero, analista da Safras.

Nas três rodadas, foram ofertadas 990 mil toneladas de trigo, das quais 597 mil toneladas foram negociadas entre os leilões de PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural).


Veículo: Valor Econômico


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