A Nova Pontocom, empresa formada pelos negócios online de Ponto Frio, Casas Bahia e Extra, decidiu traçar um plano para evitar problemas num eventual apagão logístico no Natal de 2011. O mercado tem discutido os riscos de a série de dificuldades de entregas ocorrida no fim de 2010 volte a se repetir neste ano.
Segundo o maior grupo de e-commerce do país, a Nova Pontocom vai se proteger isolando a companhia do resto do mercado. Algumas rotas eram divididas com a B2W. A empresa decidiu se "descolar" dos concorrentes ao fechar acordos de exclusividade com cinco transportadoras para vendas ao Rio de Janeiro e São Paulo, que serão responsáveis por 50% a 60% do volume de entrega do grupo no período. Os caminhões dessas empresas (uma das companhias têm 180 veículos) serão utilizados apenas pelos sites de Ponto Frio, Casas Bahia e Extra nos meses de novembro, dezembro e janeiro. Normalmente, as redes apenas ampliam a frota de trabalho no período.
Com isso, o grupo não dividirá a estrutura das transportadoras com outras redes, como Submarino e Americanas.com. Como as lojas normalmente fecham acordos com as mesmas transportadora, às vezes uma empresa fica "amarrada" na outra. E como um caminhão só sai se está carregado, se uma empresa atrasa, tudo atrasa.
Ao fechar contratos exclusivos, a Nova Pontocom pode pagar um pedágio caro. No acordo com as companhias, o grupo pagará pelo espaço nos caminhões, mesmo que não o utilize. O grupo entende que esse é um risco do negócio. "Vamos ganhar em credibilidade ao entregar a compra", diz o presidente da Nova Pontocom, Gérman Quiroga, que apresentou ontem detalhes sobre ações da empresa para evitar surpresas no Natal.
Entre elas estão a criação de um Comitê de Natal 2011, para acompanhar de perto, ao longo do ano, a situação de áreas como atendimento ao cliente e tecnologia da informação.
Na análise do executivo, "o e-commerce não merece a sombra que está pairando sobre ele", disse. "Essa situação [de desconfiança em relação ao e-commerce] nos deixa muito tristes", completou ele, sem mencionar os problemas envolvendo as companhias rivais do setor. Quiroga foi um dos responsáveis pela criação da Americanas.com em 1999. Ele fez parte dos quadros da companhia desde a primeira reunião para a sua criação, há 12 anos. Saiu em 2004.
Há seis meses, o site de comércio eletrônico Americanas.com, que pertence ao grupo de internet B2W - dono do Submarino e do Shoptime -, ficou impedidos de realizar novas vendas no Estado do Rio de Janeiro até a regularização das entregas dos pedidos já realizados pelos clientes.
Além disso, no final de 2010, empresas do setor de varejo on line tiveram problemas de entrega em dezembro do ano passado, o que causou uma série de transtornos aos consumidores. Segundo Quiroga, com os sinais de estrangulamento no sistema de entrega, os sites da empresa pararam de fechar vendas de Natal em 16 de dezembro do ano passado.
"As vendas a partir do dia 17 de dezembro foram feitas para entrega após o Natal e informamos o cliente, porque não poderíamos entregar a tempo", disse.
A Americanas informou no início de novembro que passou a operar de forma mais conservadora neste ano, para cumprir prazos de entrega aos clientes, e que a companhia estava "convicta de que seguia no caminho certo".
Veículo: Valor Econômico